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Desde o dia 30 de maio é impossível trafegar na hidrovia porque o nível do rio caiu muito. Em um dos trechos, entre os reservatórios das usinas de Três Irmãos e Nova Avanhandava, o calado – parte da embarcação que fica submersa – foi reduzido a um metro.
A partir desta quinta, o calado no ponto crítico vai ficar ainda menor, somente 60 centímetros, e apenas barcos a remo ficam autorizados a trafegar. Para o Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo (Sindasp), a lei de uso múltiplo das águas não está sendo respeitada. O calado mínimo exigido na legislação é de 2,5 metros. O presidente do Sindasp, Luiz Fernando Horta de Siqueira, afirma que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) baixou o nível dos rios para beneficiar os reservatórios das hidrelétricas.
A hidrovia Tietê-Paraná só funcionou bem por praticamente três meses neste ano. Isso porque em janeiro ela estava fechada para manutenção e a partir do início de maio começaram as restrições de navegabilidade, com a diminuição do nível do rio. Agora, com a paralisação total das atividades, as consequências mais graves começam a aparecer. Uma das empresas que opera o trecho já demitiu mais de 400 funcionários.
– Estimativas preliminares mostra prejuízo de R$ 50 a R$ 70 milhões este ano para nós. Mas o prejuízo maior é dos nossos clientes, porque o transporte hidroviário custa no mínimo três vezes mais barato que o rodoviário – aponta José Gheller, engenheiro responsável da DPN Indústria de Navegação.
A empresa já acionou a Justiça pedindo o reestabelecimento do nível do rio Tietê para que as barcaças possam voltar a navegar, mas ainda não obteve resposta. O transporte de cargas por aproximadamente 700 quilômetros leva mercadorias de São Simão, em Goiás, para os terminais de Pederneiras, Santa Maria da Serra e Anhembi, todos no Estado de São Paulo, de onde as cargas seguem por ferrovia ou estrada para o Porto de Santos.
Em cada comboio de barcaças é possível levar seis mil toneladas de cargas, equivalente ao volume transportado por 200 caminhões. O Sindicato dos Armadores calcula que um milhão de toneladas já deixou de ser embarcada. Para as empresas, um dos principais prejuízos do setor é a perda de credibilidade do modal hidroviário. Não há previsão de quando a hidrovia voltará a operar.
No mês passado, o Canal Rural já havia alertado para situação crítica da hidrovia, que estava com a navegabilidade restrita e já começava a contabilizar os prejuízos no transporte de cargas.