O atraso do plantio de soja ameaça a segunda safra de milho do Paraná e os produtores já estão preocupados com a produtividade, uma vez que a cultura pode ser semeada fora da janela ideal.
Foram 20 dias de espera para plantar a soja na fazenda de João Versari, em Maringá (PR). A ideia era iniciar os trabalhos no dia 25 de setembro, como no ano passado, mas as instabilidades não chegaram. O jeito foi guardar parte dos insumos que seriam usados no caminhão, em área coberta e mais fresca e a outra parte no galpão.
“Sempre há uma preocupação em armazenar corretamente, porque sabemos que a temperatura alta atrapalha bastante a germinação da semente depois”, diz Versari.
O pesquisador da Embrapa, Amélio Dall’Agnol, confirma a informação e acrescenta que desde que as sementes tenham ficado em local ventilado, longe de altas temperaturas, não há problema.
“A perda de vigor e de poder germinativo, se ele comprou uma semente de qualidade, não é significativa. Seguramente ele pode plantar e a lavoura vai ficar coberta com plantas sem problema nenhum”, diz.
Assim como na fazenda de Versari, outros produtores do estado também atrasaram o plantio nesta safra. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), 22% da área estimada de 5,4 milhões de hectares foi semeada (até 8 de outubro). No mesmo período de 2018, o índice estava em 38%. O motivo é que anda faltando chuva.
Os produtores do Paraná andam preocupados com esse atraso no plantio de soja, ainda mais que já estão pensando lá na frente, na próxima safra, de milho. O ideal é que o milho seja semeado o quanto antes, para aproveitar a chuvas e, com isso, ter uma produtividade mais elevada.
O milho é a terceira principal cultura do estado. Em 2018, o valor bruto da produção só perdeu para a soja e para o frango de corte.
“Nossa preocupação é grande. Com a falta de chuvas devemos atrasar o plantio do milho. A chuva veio esta semana e dá para começar a plantar um pouquinho da soja”, conta Versari.
A ideia é plantar 400 hectares com soja agora e deixar a outra metade para semear quando chover mais. O presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antônio Borghi, explica que como outros produtores da região, ele também está com o plantio atrasado e a produtividade da safrinha tende a cair.
“Já começa a afetar, porque a janela ideal para o milho, que seria em fevereiro, já começa a ser retardada um pouco. Isso com certeza afeta a produtividade do cereal. O produtor já se preocupa e passa investir menos, inclusive”, diz Borghi.
Segundo o Deral o estado deve produzir nesta safra um volume de 18,8 a 20,8 milhões de toneladas de soja.