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Paraná propõe calendário único para a soja na América do Sul

Preocupados com os casos de ferrugem, os agricultores do estado pedem que o país lidere um processo para unificar o controle da doença em todo o continente

Roberta Silveira | Luiziana (PR)

O Paraná está em alerta contra a ferrugem asiática, doença que pode destruir até 100% da lavoura de soja. A chuva favoreceu o aparecimento do fungo e o número casos praticamente dobrou nesta safra. Para evitar prejuízos, a Federação da Agricultura do estado (Faep) propõe que Brasil, Argentina e Paraguaia tenham um calendário unificado para a cultura da soja.

A federação quer que o Ministério da Agricultura tome medidas que restrinjam o avanço da ferrugem asiática no país. Entre os pedidos, um quer impedir o cultivo da soja de segunda safra no Brasil assim como vai ocorrer no estado. No Paraná, a partir da próxima safra, o plantio da oleaginosa só poderá ser feito até 31 de dezembro.

“A ferrugem é um problema sério, aumenta o custo e diminui a produção. Algumas decisões precisam ser tomadas para que a produção de soja não seja comprometida no Brasil e em toda a América do Sul”, explica o presidente do Sindicato Rural de Maringá e membro da comissão de grãos da Faep, José Borghi.

A entidade pede também a unificação do calendário de plantio e vazio sanitário entre os os três países, para evitar que a doença dos vizinhos afete a produção brasileira. O entendimento da Faep é que o Brasil lidere este processo.

“O esporo vem pelo ar e ele não tem barreira. Não passa pela alfândega, vamos dizer assim. Essa ação precisa ser tomada pelo Brasil e pelos outros países que também plantam soja. E nós entendemos que o Brasil tem que liderar este processo”, afirma o dirigente.

Cerca de 80% da soja do Paraná, segundo maior produtor nacional, ainda está no campo. Quanto mais tarde a colheita ocorre, maior é o risco de perdas com a ferrugem asiática. Os focos da doença aumentaram com o tempo e se espalha facilmente de uma lavoura para outra. A umidade excessiva neste ciclo favoreceu a incidência do fungo responsável pela ferrugem. Por isso, o controle ficou mais difícil neste ano.

“Devido a quantidade de chuva elevada, por conta do El Niño, a pressão de ferrugem foi muito grande, foi difícil de controlar”, admite o produtor rural Antônio Claudio de Oliveira.

O agricultor leva a lupa para a lavoura e analisa as folhas, para verificar a presença da ferrugem. Na área visitada, a lavoura produziu 62 sacas por hectare na última safra. Neste ano, a expectativa é bem menos otimista, cerca de 50 sacas. Menos produção com um custo muito maior. No último ciclo, foram três aplicações de fungicida, agora já foram quatro aplicações e isso pode aumentar.

“Caso seja necessário, vou entrar com a quinta aplicação. Quem não fez controle este ano teve perdas elevadas, quem colheu teve quebra em torno de 20%”, afirma Oliveira.

Veja a reportagem:

O consultor técnico do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann, avalia o pedido dos agricultores do Paraná. Para ele, a medida é positiva, mas distante da realidade atual.

Confira:

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