A Vinícola Pericó, de São Joaquim (SC), sob a orientação do Enolab, de Flores da Cunha, fermenta neste momento o mosto do primeiro ice wine brasileiro, vinho feito a partir de cachos naturalmente congelados pelo frio da serra do Rio Grande do Sul.
Típico de países conhecidos por seu inverno rigoroso, como Canadá e Alemanha, esse vinho doce fortificado (conhecido por Eiswein) é geralmente elaborado com uvas brancas. Por aqui, teve como matéria-prima a variedade cabernet sauvignon, colhida nos dias 4 e 12 ? pois é preciso retirar a fruta das videiras enquanto ainda está congelada, logo aos primeiros raios de sol.
A primeira vindima, realizada à temperatura de 7,5°C negativos, só foi possível na terceira tentativa, já que nas anteriores não fez frio suficiente. Embarcada em um caminhão-frigorífico, a uva foi transportada até a Vinícola Fabian, de Nova Pádua.
Enquanto a carga viajava, uma prensa pneumática era resfriada no destino para receber os cachos. Como o projeto é inédito no país, a maior expectativa recaía sobre o momento de compressão da fruta. O princípio é que, ao prensar os grãos, a maior parte da água fique retida na máquina em formato de gelo, liberando um suco mais concentrado.
O sucesso da experiência levou à repetição do processo com a segunda colheita feita a 6,5°C negativos. Ao todo, foram obtidos cerca de 900 litros de mosto que, com a adição de uma levedura especial, fermentarão lentamente por dois meses em tanques de aço inox e depois estagiarão em barricas de carvalho francês.
? O trabalho feito aqui (na vinícola) até é fácil. O difícil está lá (nos parreirais) ? avalia o enólogo e agrônomo Jefferson Sancineto Nunes, do Enolab.
A novidade |
> O resultado final não tem data para ser lançado, mas a curiosidade a respeito do ice wine brasileiro não deve ser saciada antes de setembro de 2010. |
> Entre as características esperadas do produto esão uma cor que se aproxime à de vinhos Porto mais claros, um acentuado aroma de frutas e boa acidez. |
A VINDIMA TRADICIONAL |
No Brasil, a vindima que dá origem à maioria dos vinhos disponíveis no mercado nacional costuma terminar em meados de abril, quando ainda faz calor. |