Nessa parceria, a Calderon Consulting será responsável pela implantação das plantas industriais para fabricação dos fertilizantes organominerais granulados, enquanto a Embrapa Solos se encarregará da transferência da tecnologia. A chefe-geral da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça Santos, chamou a atenção ao fato de que esse produto pode reduzir a atual dependência externa de fertilizantes do Brasil. Devido ao elevado nível de importação, ela ressaltou que usar essas fontes alternativas “tem um futuro grande no Brasil e um grande apelo”.
A produção de fertilizantes organominerais em larga escala poderia substituir de 20% a 30% os fertilizantes importados, em decorrência da redução de nutrientes minerais na formulação, explicou o diretor da Calderon Consulting, João Calderon.
– É um impacto muito grande na agricultura. Esse resultado, contudo, levará alguns anos para ser alcançado. Mas o caminho está aí. A substituição de um terço das fontes convencionais de fertilização representaria uma economia para o país em torno de US$ 5 bilhões. A viabilização disso vai depender de uma política agrícola que ofereça às cooperativas de pequenos produtores linhas de crédito específicas – disse Calderon.
Algumas cooperativas de agricultores já manifestaram interesse em assinar convênio com a Embrapa Solos e a Calderon Consulting para a produção desse tipo de fertilizantes organominerais à base de resíduos de aves e suínos. A tecnologia foi desenvolvida pela empresa baiana em cima de uma patente de processo de fertilizantes organominerais que não decompõe o adubo, ou seja, que elimina a etapa de compostagem.
– É uma patente inédita mundialmente, que a gente já depositou em vários países e compartilhamos essa tecnologia com a Embrapa – salientou João Calderon.
A parceria com a Embrapa permitirá estender essa tecnologia para todo o Brasil de maneira mais rápida, defendeu Calderon. O produto já foi validado pela Embrapa Solos.
Dependendo do volume de produção, a planta pode ser menor ou maior. As fábricas têm seis portes diferentes que variam de uma produção de 3 mil toneladas anuais até 120 mil toneladas/ano. Os investimentos necessários para a construção das plantas também é variável, indo do mínimo de R$ 1,5 milhão até R$ 22 milhões por unidade.
O uso dos fertilizantes organominerais pode propiciar maior sustentabilidade à produção agrícola, na medida em que diminui em até 10% a utilização de fertilizantes químicos.
Lourdes Mendonça informou que pode haver um ganho de produtividade de 10% a 20%, ao mesmo tempo em que a eficiência pode ser 15% maior. Outra vantagem do produto é que, sendo granulado, ele não tem cheiro e pode ser colocado junto com o adubo, de uma só vez, o que representa economia de trabalho das máquinas usadas na agricultura.
Calderon ressaltou que os fertilizantes organominerais granulados contribuem ainda para a reposição de carbono no solo, retirando-o da camada de ozônio.
– Há um efeito cumulativo no decorrer dos anos. O agricultor vai somando esse carbono no solo, o que melhora os níveis de fertilidade do solo. Os fertilizantes tradicionais não têm essa capacidade – explicou.
A Embrapa Solos é uma unidade da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sediada no Rio de Janeiro, que possui uma rede nacional de pesquisas de fertilizantes denominada Rede FertBrasil. Essa rede envolve 73 unidades da Embrapa e parceiros internacionais, cujo objetivo é preparar novos tipos de fertilizantes organominerais como opção aos fertilizantes tradicionalmente utilizados no país, “visando principalmente a preservação ambiental e melhor custo para o agricultor”. A Rede FertBrasil está subsidiando também o plano nacional de fertilizantes que o governo vai lançar em breve.
Outros fertilizantes organominerais podem ser produzidos com base em aparas de grama e resíduos de mineração, acrescentou Maria de Lourdes Mendonça. A chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Solos, Denise Werneck, disse que a Rede FertBrasil tem outros 28 produtos que poderão ser lançados dentro da parceria com a empresa da Bahia.