– Não tínhamos segurança, pois vários armazéns estavam quebrando, e a gente perdia o produto – lembra Bortolini.
A estratégia deu certo. Em quase 11 anos, os produtores construíram os silos usando o rendimento médio de 12% a mais na venda dos grãos. A capacidade de armazenagem da cooperativa, que hoje conta com 32 sócios, únicos usuários da estrutura, é de 180 mil sacas – o que corresponde a 60% da produção.
Incentivar parcerias para a armazenagem de grãos é uma das metas da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) para este ano. Conforme dados da assessoria econômica da entidade, apenas 8,2% dos produtores gaúchos guardam a produção dentro da porteira, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, a proporção é de 65%.
No Rio Grande do Sul, a atual capacidade estática de armazenagem (disponível em um determinado período) cadastrada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 4,82 mil unidades, com potencial de manter 29,18 milhões de toneladas de grãos.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o ideal é que a capacidade de armazenagem seja de 120% do total da colheita. Como a previsão da Conab é de uma safra gaúcha de 27,26 milhões de toneladas, o ideal seria ter uma capacidade de 32,71 milhões de toneladas para o próximo período.
– Estamos com capacidade ajustada atualmente, mas que deve aumentar, pois tivemos leilões de estoques de produto ao longo de 2012, principalmente de arroz, que deve liberar espaço nos armazéns – ressalta o superintendente da Conab no Rio Grande do Sul, Glauto Melo.
Para o professor Moacir Cardoso Elias, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a maior preocupação está na disparidade entre as capacidades de armazenagem nas regiões produtoras e entre as diferentes culturas. Enquanto pode sobrar espaço em armazéns de determinadas localidades ou para alguns grãos, para outros pode faltar.
– As regiões produtoras, como o norte do Estado, tradicionalmente armazenam os grãos nas cooperativas, que já estão cheias. Antigamente, o ciclo de permanência da soja nos silos era de quatro a cinco meses. Hoje, o tempo é maior por causa da demanda para a indústria de biocombustível. Faltam mais estruturas para esta retenção da produção – avalia Elias.
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