Parlamentares da CPI do arroz realizam encontros com produtores do interior do Rio Grande do Sul

Comitiva foi até Camaquã para ouvir relatos dos orizicultoresNesta semana, pela primeira vez, deputados estaduais deixaram a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para ouvir os orizicultores do interior. Desde outubro de 2011, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investiga indícios da prática de cartel e crime contra a economia popular.

O encontro foi em Camaquã, que fica em uma das principais regiões produtoras de arroz no Estado. Dezenas de arrozeiros participaram da audiência pública. Eles denunciaram que as indústrias aumentaram a rigidez na classificação dos grãos, reduzindo o preço pago aos produtores.

Os produtores reclamam do preço pago pelo arroz, da carga tributária e da concorrência com o grão vindo do Mercosul.

– Quando o preço começa a cair e o produtor não quer vender, eles assustam que vai vir arroz importado. Aí a gente é obrigado a vender porque o susto é muito grande, porque eles começam a importar e aí o preço cai mesmo. Então, esta é uma das razões, sempre tem o fantasma da importação – conta o produtor Sérgio Alfredo Silva.

A CPI pretende convocar as indústrias de arroz para dar explicações. Um levantamento do Dieese, feito em Porto Alegre, mostrou que, de 2010 até março deste ano, o preço pago pelo arroz ao produtor teve uma queda de 42%. Já, nos supermercados, o valor reduziu apenas 22%.

– É inadmissível que tenhamos um cartel em cima da formação de uma tabela que nós chamamos de orelhana e que hoje já se sabe que a indústria está nos cobrando 8% de secagem, 12% de umidade e 0% em todas as outras classificações do nosso arroz – reclama o produtor Pedro Barbosa.

A CPI ainda deve fazer audiências públicas em outras cinco cidades. O relatório final vai ser encaminhado em abril ao Ministério Público.

– O Brasil, de maneira nada inteligente, faculta ao produtor, a condição de ele comprar o insumo de determinadas indústrias. Ninguém sabe explicar porque que não são liberadas certas patentes que por lei já poderiam ser liberadas, o que dá a prova de que muitas indústrias formam um cartel muito forte – afirma o relator da CPI, deputado estadual Marlon Santos (PDT-RS).