O encontro foi em Camaquã, que fica em uma das principais regiões produtoras de arroz no Estado. Dezenas de arrozeiros participaram da audiência pública. Eles denunciaram que as indústrias aumentaram a rigidez na classificação dos grãos, reduzindo o preço pago aos produtores.
Os produtores reclamam do preço pago pelo arroz, da carga tributária e da concorrência com o grão vindo do Mercosul.
– Quando o preço começa a cair e o produtor não quer vender, eles assustam que vai vir arroz importado. Aí a gente é obrigado a vender porque o susto é muito grande, porque eles começam a importar e aí o preço cai mesmo. Então, esta é uma das razões, sempre tem o fantasma da importação – conta o produtor Sérgio Alfredo Silva.
A CPI pretende convocar as indústrias de arroz para dar explicações. Um levantamento do Dieese, feito em Porto Alegre, mostrou que, de 2010 até março deste ano, o preço pago pelo arroz ao produtor teve uma queda de 42%. Já, nos supermercados, o valor reduziu apenas 22%.
– É inadmissível que tenhamos um cartel em cima da formação de uma tabela que nós chamamos de orelhana e que hoje já se sabe que a indústria está nos cobrando 8% de secagem, 12% de umidade e 0% em todas as outras classificações do nosso arroz – reclama o produtor Pedro Barbosa.
A CPI ainda deve fazer audiências públicas em outras cinco cidades. O relatório final vai ser encaminhado em abril ao Ministério Público.
– O Brasil, de maneira nada inteligente, faculta ao produtor, a condição de ele comprar o insumo de determinadas indústrias. Ninguém sabe explicar porque que não são liberadas certas patentes que por lei já poderiam ser liberadas, o que dá a prova de que muitas indústrias formam um cartel muito forte – afirma o relator da CPI, deputado estadual Marlon Santos (PDT-RS).