PREJUÍZOS

Passagem de 3º ciclone causa danos à agricultura do Sul do Brasil

Economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz comentou os estragos deixados pelo ciclone ao agronegócio

Na última semana, a região Sul do Brasil foi afetada pela passagem do terceiro ciclone extratropical, resultando em danos nas principais atividades agrícolas. As lavouras de trigo e milho, assim como áreas de pastagens, sofreram prejuízos consideráveis. Além disso, criadores de suínos e gado de leite enfrentaram perdas significativas, incluindo animais mortos e estruturas completamente destruídas.

Para compreender melhor os impactos desse desastre natural na economia rural, conversamos com Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Antônio destacou a gravidade da situação, ressaltando que as produções de suínos, aves e leite foram as mais afetadas pelos ventos intensos. Galpões e equipamentos foram completamente destruídos em várias regiões, obrigando os produtores a reiniciarem suas atividades praticamente do zero.

As imagens que circulam das áreas afetadas retratam a dimensão dos estragos e despertam compaixão nos produtores gaúchos e em toda a população. Contudo, é importante destacar que os danos não são generalizados em todo o estado do Rio Grande do Sul, embora a divulgação das imagens possa criar uma percepção equivocada de que toda a região está passando por essa situação.

Um aspecto preocupante é a questão do seguro rural. Muitos produtores não possuem cobertura adequada ou não possuem seguro algum, o que agrava os prejuízos causados pelos desastres naturais. A Farsul, em conjunto com sindicatos, está levantando informações sobre o nível de cobertura existente nas estruturas danificadas. O diálogo com as seguradoras é complexo, pois nem sempre as indenizações são garantidas devido a cláusulas e especificidades dos contratos.

Em relação ao auxílio governamental, o diálogo entre os produtores e o governo tem sido escasso. “Até o momento, o governo não demonstrou preocupação ou enviou mensagens de apoio aos produtores afetados pelos desastres naturais. Essa falta de atenção por parte das autoridades preocupa e revela uma ausência de continuidade nas políticas públicas voltadas para o setor agrícola”.

A situação vivenciada no Sul do Brasil também evidencia a necessidade de recursos destinados à subvenção do seguro rural. Recentemente, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) solicitou uma suplementação de um bilhão de reais para 2023. No entanto, especialistas alertam que esse valor está aquém do necessário para garantir uma proteção adequada aos produtores rurais.

No âmbito do Plano Safra, anúncios e coberturas foram feitos, mas surpreendentemente, o tema do seguro rural foi deixado de lado, disse da Luz. “Essa omissão levanta questionamentos sobre o compromisso do governo com essa importante ferramenta de proteção para os agricultores. A falta de continuidade nas políticas agrícolas e a ausência de uma abordagem abrangente para mitigar os riscos enfrentados pelos produtores são fatores preocupantes”.

O especialista afirmou que é fundamental que a sociedade como um todo compreenda a gravidade da situação enfrentada pelos produtores rurais e se mobilize para apoiar e encontrar soluções para esses problemas. “A conscientização sobre a importância do seguro rural e a necessidade de recursos adequados são passos essenciais para garantir a resiliência do setor agrícola diante dos desastres naturais e adversidades climáticas”.

Segundo ele, “é essencial que governo atue de forma proativa, oferecendo suporte e estabelecendo políticas que possibilitem aos produtores se recuperarem e reconstruírem suas atividades”.

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