Segundo o Ministério de Agricultura, nas províncias de Río Negro, Neuquén e Chubut, em estado de emergência agropecuária, três mil pecuaristas – apenas 800 são considerados grandes – correm risco de perder o rebanho ovino estimado em 1,5 milhão de cabeças. O chefe de gabinete do governo da província de Chubut, Pablo Korn, confirmou que já morreram cerca de 500 mil ovelhas e outras 50 mil se encontram em estado crítico nos municípios de Telsen, Gan Gan e Gastre.
Também estão afetados rebanhos em Comodoro Rivadávia e Península Valdés. Ele disse que a ajuda de cinco milhões de pesos (US$ 1,2 milhão) prometida pelo governo federal ainda não chegou.
? O governo só mandou 30 mil pesos (US$ 7,3 mil) em máscaras e nada mais ? reclamou Korn.
O analista de mercado agropecuário, Ignacio Iriarte, disse que “estes animais estarão condenados à morte, se não forem retirados da zona afetada, urgentemente”. Iriarte relatou que experiências passadas com erupções de vulcões chilenos já provocaram catástrofes similares na região.
? A única maneira de salvá-los é carregar os animais em caminhões e levá-los para outro lugar ? opinou.
O secretário executivo de Emergência e Desastre Agropecuário do Ministério de Agricultura, Haroldo Lebed, reconheceu que as ovelhas correm risco de vida e que a ajuda já foi enviada. Ele demonstrou conhecer o problema ao explicar que “a camada de cinzas é espessa sobre o pasto e, em busca de comida, os animais aspiram as cinzas, que prejudicam as vias respiratórias e os pulmões”. Além disso, detalhou que a maior parte do material vulcânico é como areia, que as ovelhas ingerem ao tentar encontrar alimento.
? O material vulcânico quebra os dentes dos animais, se deposita no aparelho digestivo e os intoxicam ? disse Lebed.
Para completar o quadro de sofrimento dos animais, as chuvas que caíram intercaladas com as chuvas de cinzas vulcânicas formaram uma capa pesada sobre o corpo dos animais, que adquiriram um peso extra estimado em 2,5 quilos, dificultando a mobilidade deles.
O presidente da Federação de Sociedades Rurais de Chubut, Ernesto Siguero, informou que o setor já perdeu cerca de 1,5 milhão de animais há quatro anos por causa da estiagem.
? Não suportamos mais esse castigo. A maioria é de pequenos produtores que trabalham para subsistência ? lamentou.
A entidade rural calcula que o preço médio de um ovino é de 300 pesos (US$ 73,10). Cada ovelha produz entre 4 quilos e 4,5 quilos de lã, equivalentes a 120 pesos (US$ 4,10). O secretário executivo Lebed afirmou que “cada município foi afetado em maior ou menor intensidade e isso requer uma análise detalhada, isoladamente, mas todos os prejudicados serão atendidos, caso por caso”.
No total, o governo prometeu uma ajuda de 10 milhões de pesos (US$ 2,4 milhões), mas o dinheiro ainda não foi enviado. Também houve promessa de envio de alimentos para os animais, mas apenas um município, Ingeniero Jabobacci, recebeu os recursos.