A PepsiCo anunciou globalmente, nesta terça-feira, 20, metas para impulsionar o que chama de “Agricultura Regenerativa” até 2030. Até lá, a empresa pretende obter 100% de suas matérias-primas, como batata e coco, de sistemas produtivos sustentáveis, ampliando para 2,83 milhões de hectares (7 milhões de acres) a área de lavoura com práticas de “agricultura regenerativa” no mundo, o equivalente à totalidade das lavouras de onde saem os produtos agrícolas utilizados pela gigante de alimentos e bebidas. A área atual onde a produção já é desenvolvida de forma sustentável no mundo e no Brasil não foi informada.
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Com as medidas, a PepsiCo espera reduzir em ao menos 3 milhões de toneladas suas emissões de gases do efeito estufa até o fim da década. Também deve envolver mais de 250 mil pessoas de sua cadeia de abastecimento, em especial comunidades agrícolas mais vulneráveis, pequenos agricultores e mulheres.
O Programa de Agricultura Sustentável (SFP), do qual fazem parte as metas, está sendo implementado em 38 países. Para atingir as metas, a PepsiCo prevê recorrer a práticas que contribuam para restaurar e aumentar a resiliência dos ecossistemas em que as plantações estão inseridas, como ações para melhorar a saúde dos solos e de bacias hidrográficas e para ampliar a captura de gases de efeito estufa, como o carbono, e reduzir emissões. Para tanto, deve continuar investindo em tecnologias em áreas diversas, como logística, sementes, armazenamento, monitoramento de lavouras por satélite e drones e estações meteorológicas para acompanhamento climático e manejo de irrigação. Uso seguro de agroquímicos, respeito aos princípios dos direitos humanos, cumprimento à legislação e eficiência são outros pilares da iniciativa.
“É urgente o compromisso de grandes players como a PepsiCo para uma mudança efetiva nas práticas no campo, garantindo um equilíbrio cada vez maior entre a produtividade e a sustentabilidade. Por meio do nosso Programa de Agricultura Sustentável (SFP), que já existe há anos, trabalhamos com agricultores em todo o mundo para implementar e dar escala a uma série de práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas”, disse no comunicado o presidente da PepsiCo Brasil Alimentos, Alexandre Carreteiro.
Mais associada à marca Pepsi, a PepsiCo tem em seu portfólio de alimentos, que inclui as marcas Lay’s, Ruffles, Quaker, Doritos, Kero Coco e outras, a fonte de 55% do seu faturamento global. Em 2020, a receita líquida da companhia no mundo foi de mais de US$ 70 bilhões, sendo pouco mais de US$ 6,9 bilhões na América Latina. Mais de US$ 43,4 bilhões em receita líquida foi registrada na América do Norte.
No Brasil
O Brasil é um dos dez maiores mercados da PepsiCo no mundo. Daqui, a empresa compra atualmente 273 mil toneladas de produtos agrícolas por ano, fornecidas por 110 produtores. Pouco menos da metade, 122 mil toneladas, são de batata, adquiridas de 30 agricultores que cultivam 4,250 mil hectares em seis estados: Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O volume equivale a 35% do total de batatas produzidas para chips no mercado.
Outras 128 mil toneladas se referem a coco verde fornecido por 80 pequenos produtores, provenientes de 1,8 mil hectares em Pernambuco, Bahia e Ceará, que abastecem a fábrica da Kero Coco em Pernambuco. Na conta estão ainda 25 mil toneladas de aveia e volume pequeno, de 18 toneladas de milho, destinados à produção de Doritos.
Além de originar produtos junto a produtores, a companhia tem três fazendas de demonstração, chamadas de Demo Farms, que servem como modelo de novas tecnologias de cultivo e de aplicação de práticas de agricultura regenerativa. A empresa não informou, contudo, quanto dos 2,83 milhões de hectares estão no Brasil.
A PepsiCo começou a estruturar o Programa de Agricultura Sustentável em 2013. No Brasil, iniciou sua implementação em 2015. No caso da produção brasileira de batatas, 100% vem de plantações consideradas sustentáveis – meta atingida no fim de 2019, segundo a empresa. Entre as práticas adotadas estão a utilização de plantas forrageiras, rotação de culturas e manutenção de cobertura vegetal sobre o solo durante a entressafra. Todos os produtores cumprem aproximadamente 175 requisitos do programa.
A companhia conta com 11 agrônomos e agrônomas dedicados a orientar e visitar os agricultores parceiros na busca de melhorias, além de manter parcerias com órgãos de pesquisa, como a Embrapa. Em 2018, a PepsiCo mediu a quantidade de água limpa e potável usada nas estações de beneficiamento que lavam as batatas. A partir de então, reduziu em 60% o uso de água limpa, ou cerca de 50 milhões de litros desde o início do projeto.