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Pequenos produtores protestam contra endividamento no Sul

Dívidas acumuladas inviabilizam o trabalho em muitas propriedadesOs agricultores familiares devem R$ 8 bilhões no Brasil. São dívidas acumuladas durante anos e que acabam inviabilizando o trabalho em muitas propriedades. A situação é ainda mais grave nos Estados do Sul do país. Nesta quarta, dia 18, os pequenos produtores da região ocuparam espaço nas cidades para pedir ajuda.

Em Santa Catarina, os produtores usaram uma mandioca para trancar a porta do Banco do Brasil de Chapecó. O grupo percorreu as ruas com um carro de som, alertando os moradores para os problemas do campo. O jovem produtor rural Alexandre Trentin, anunciou que não vai continuar o trabalho do pai.

? Está muito difícil. A agricultura não está muito valorizada. Seria mais ou menos por isso. Eu até já estou estudando pra sair do interior ? ressalta.

Em Sarandi, no norte gaúcho, a rua principal também foi ocupada pelos trabalhadores. O protesto terminou com a entrega de um documento ao gerente de uma agência bancária, pedindo ajuda para o problema do endividamento.

? Mesmo nós tendo um ano, este ano, diferente, que a produção foi um pouco melhor, a gente ainda tem um problema que é de conseguir honrar com os nossos compromissos ? explica Márcio Cassel, coordenador regional da Fetraf.

Em Porto Alegre, duas marchas se encontraram no centro da cidade. Uma, formada pelos pequenos produtores, e outra, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. São cinco mil pessoas, segundo os organizadores. Três mil, pelos cálculos da Polícia Militar.

A dívida dos produtores gaúchos chega a R$ 5 bilhões, R$ 3 bilhões a menos do que a de todos os pequenos agricultores do país. Eles dizem que nos últimos 10 anos foram prejudicados por fenômenos climáticos que trouxeram sucessivas quebras de safra. Aliados a isso, o alto custo de produção nas lavouras contribuiu para a crise.

? Nós estamos pautando um rebate de 12 mil nas dívidas dos pequenos agricultores, recontratar toda a dívida, todos os financiamentos num único contrato, dois anos de carência e 15 anos para pagar. Isso vai permitir que os agricultores tomem novos financiamentos, invistam nas suas propriedades, produzam riqueza, gerem renda para pagar tanto novos financiamentos como as dívidas que ficaram pra trás ? afirma Marcelo Leal, integrante da diretoria nacional MPA.

No final da manhã, os manifestantes ocuparam o pátio do prédio da Receita Federal. Eles só devem deixar a cidade nesta quarta, dia 18, depois de uma reunião com o governador Tarso Genro.

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