Perda da eficiência de defensivos preocupa o sojicultor

Cinco casos de ferrugem asiática foram confirmados em Mato Grosso, mas o que preocupa é o uso incorreto das tecnologias para combater a doença

Pedro Silvestre, de Mato Grosso
A perda de eficiência de alguns defensivos contra a ferrugem asiática tem deixado o setor produtivo da soja em alerta. A principal preocupação é a demora da pesquisa em desenvolver novos produtos para o mercado. Em Mato Grosso, cinco casos da doença já foram confirmados pelo Consórcio Antiferrugem, coordenado pela Embrapa Soja. A dica dos especialistas é manter as lavouras sempre monitoradas.

Desde que ficou sabendo dos primeiros casos de ferrugem asiática em seu estado, a rotina do sojicultor Enéas Gláucio Batistella tem sido monitorar constantemente seus campos. Razões para isso não faltam, já quem em anos anteriores, teve muitos prejuízos com a doença. “No começo não tínhamos muita experiência, e tivemos um prejuízo de 40% na produtividade esperada”, conta ele. “Além disso, como não tínhamos experiência, gastamos muito com o produto para combater, errando inclusive o tempo de aplicação.”

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Nesta safra, o agricultor não tem do que se queixar. As chuvas foram constantes e favoreceram o desenvolvimento das plantas. Mas, é justamente neste momento com excesso de umidade que a ferrugem se dissemina. “As condições são ideais para ferrugem, com bastante umidade e calor. Por isso é importante ficar atento”, afirma Batistella. “O negócio é monitorar e não deixar entrar, porque depois o prejuízo é grande.”

Mas, não basta só monitorara lavoura, é preciso ter cuidados com os agroquímicos usados no controle da doença. A rotação de fungicidas no controle da doença é uma das grandes preocupações do setor, os produtos disponíveis no mercado podem perder ainda mais eficiência, se usados indiscriminadamente. “Nosso alerta é para seguir o calendário de aplicações, fazendo da melhor maneira possível, usando os melhores produtos”, frisa Endrigo Dalcin, presidente da Associação do Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT). “É fundamental fazer a rotação dos princípios ativos para que eles não percam sua eficácia.”

Segundo o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, um fator que preocupa são as moléculas de combate a ferrugem. “Temos poucos fungicidas que tem a eficiência de 100%. Isso porque, nos próximos dez anos não há expectativa de novas moléculas. Então todo o cuidado preventivo que o produtor tiver, é o que vai determinar se nós vamos continuar plantando soja nos próximos dez anos ou não”, diz Da Rosa.

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