O garçom que sonhou, estudou, apostou e se tornou um grande produtor de sementes de soja do país
Quantas vezes já ouvimos falar de pessoas que sonham em ter um pedacinho de terra para cuidar e viver? Certamente muitas canções já retrataram o assunto. Mas, a verdade é que este não é um sonho fácil de concretizar. Todos sabem que para isso é preciso dinheiro, para comprar a propriedade e investir o que é preciso para cultivar soja, disposição para encarar o dia-a-dia na fazenda e conhecimento para que o cultivo dê certo e renda lucratividade.
Antes de se tornar um importante sementeiro, Walter Brandtner pastou muito, ou melhor, teve que lutar para conseguir tudo, até os estudos. Nascido em Engenho Velho, no Rio Grande do Sul, filho de comerciantes, saiu de casa cedo em busca de estudo e trabalho. Conseguiu um emprego como garçom e bancou sua nova vida. Terminando o ginásio, se mudou para Passo fundo, em 1970, ainda como atendente de mesas para cursar a faculdade de agronomia na Universidade de Passo Fundo (UPF).
Concluída a graduação, recebeu a proposta de um emprego em São José do Ouro, em uma empresa de sementes, que tinha como principal mercado sojicultores de Mato Grosso. Pouco tempo depois, com bastante conhecimento de sua atividade e clientes, viu a oportunidade de abrir uma sementeira no mesmo município, já que a sua antiga empresa havia fechado as portas.
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Arrendou uma área para produzir as próprias sementes e pesquisou muitas variedades para atender o mercado. A produção das diferentes variedades de sementes era dividida entre vários produtores da região, em prol do avanço do negócio. A pesquisa era feita ali mesmo, testava-se, e conforme resultado, era comercializada. “Fomos produzindo algumas variedades, sempre buscando novas tecnologias, não tinha muita informação, não. Era tudo muito escasso. Muita coisa foi feita através de conversas e testes”, comenta Brandtner.
Em 1986, viu a oportunidade de adquirir uma grande área no município de Silvania, em Goiás e não perdeu a chance. Foi até lá, abriu a área e seguiu sua pesquisa sobre novas variedades. “Ele desbravou estas áreas. Na época, não era assim. Hoje, o que vemos é uma agricultura moderna, sofisticada. Eu e minha equipe já pegamos tudo pronto, maquinários modernos e áreas já bem desenvolvidas e exploradas”, conta o gerente da fazenda João Pedro Walter.
O filho de Brandtner, Walter Celso, lembrou inclusive que no primeiro ano só o pai tinha uma variedade de soja resistente e muitos produtores ficaram interessados porque perdiam parte de suas produções com a convencional. “Ele aproveitou que ele estava iniciando este processo e trouxe mais material genético e colocou os vizinhos para produzir sementes também”, relembra o filho.
