Pesquisa avança no controle biológico da ferrugem do cafeeiro

Estudo demonstra sensibilidade do agente causador da doença à radiação ultravioletavioleta-BA sensibilidade de Lecanicillium lecanii, agente de biocontrole de Hemileia vastatrix, que causa a ferrugem, principal doença do cafeeiro, à radiação ultravioletavioleta-B (UV-B) foi pesquisada pelo analista da Embrapa Meio Ambiente, José Abrahão Galvão, em sua dissertação de Mestrado em Agronomia e Proteção de Plantas, pela Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista.

– Esse agente, parasitado de forma natural por Lecanicillium lecanii, indica a potencialidade desse fungo para controle biológico – afirma Galvão.

Segundo ele, um dos fatores que comprometem a eficiência de bioagentes é a radiação ultravioleta-B, que aumentou com a diminuição da camada de ozônio, podendo afetar os processos naturais de controle de doenças de plantas e os programas de manejo com uso de bioagentes.

– Os estudos evidenciaram a efetividade biológica da radiação UV-B sobre os conídios de Lecanicillium – explica.

A principal doença do cafeeiro é a ferrugem, causada por Hemileia vastatrix, responsável por prejuízos de até 50% em todas as regiões produtoras. O uso de cultivares resistentes é o método de controle mais eficiente. No entanto, a maioria das variedades plantadas é suscetível à doença e o seu controle é baseado na aplicação de fungicidas.

– Com a intensificação das restrições ao uso desses produtos, sugere-se o controle biológico como uma alternativa – enfatiza o analista.

Foram realizados experimentos a fim de estabelecer metodologias para avaliar o efeito da radiação sobre a germinação de conídios de L. Lecanii, para selecionar os isolados mais tolerantes, avaliar a sensibilidade do bioagente em diversos estádios da germinação de conídios e a interação da radiação UV-B com temperaturas e concentrações de CO2 e o seu efeito no estabelecimento de Lecanicillium em pústulas de ferrugem, além de estabelecer a curva de sobrevivência dos isolados expostos.

As radiações UV-B e UV-A que atingem a superfície da Terra são biologicamente ativas, podendo ser nocivas a diversos seres vivos, inclusive ao homem, a patógenos, vetores e hospedeiros, afetando os ecossistemas e a agricultura.

Nas plantas, a radiação UV pode causar alterações morfológicas criando um microclima favorável às infecções por microrganismos. Ainda assim, a exposição de esporos de fungos à radiação UV-B pode danificar essas estruturas nas fases de desenvolvimento e infecção de plantas. A radiação solar é um dos fatores ambientais que interferem no estabelecimento desses bioagentes no hospedeiro e, na perspectiva de aumento da incidência dessa radiação, deve-se buscar agentes de biocontrole tolerantes a essa mudança.

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