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Pesquisa da Embrapa busca soluções para combater Helicoverpa armigera

Além de atacar lavouras de algodão, milho e soja, a praga tem sido identificada em frutos de tomate, pimentão e quiabo, em diversas regiões do paísAs lagartas do gênero Helicoverpa vêm provocando prejuízos significativos em várias culturas agrícolas em diferentes regiões brasileiras. Até pouco tempo, a Helicoverpa zea era a principal representante da subfamília Heliothinae e tida como praga secundária na horticultura. Ela ataca principalmente a ponta da espiga do milho, a maçã do algodoeiro ou os frutos do tomateiro, porém, sem causar perdas na produção, haja vista, a ação efetiva de inimigos naturais. Em algumas situações, como final da s

>> Confira o Manejo Integrado de Pragas (MIP) Emergencial da Helicoverpa, elaborado pela Embrapa

No entanto, recentemente foi confirmada a ocorrência de Helicoverpa armigera no país. Os primeiros focos dessa nova praga foram registrados em 2011 no oeste baiano, com altas infestações em lavouras de algodoeiro, soja, feijão e milho. Agora, essa praga já pode ser encontrada em várias localidades de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e do Distrito Federal, atacando inclusive frutos de tomate, pimentão e quiabo.

A armigera preocupa a cadeia produtiva do tomateiro em seus diferentes segmentos (tomate tutorado para mesa, tomate rasteiro para processamento industrial e produção orgânica), uma vez que se mostra muito mais agressiva que H. zea (lagarta-da-espiga do milho) e as lagartas do complexo Spodoptera (lagarta militar) é polífaga (se alimenta de diversas espécies vegetais cultivadas e silvestres), pode se adaptar a diferentes condições ambientais e não é facilmente controlada com inseticidas químicos sintéticos.

A distinção entre H. armigera e H. zea, com base tanto nas mariposas adultas como nas lagartas, é muito difícil a olho nu e requer conhecimentos muito específicos de suas estruturas reprodutivas para confirmação da espécie. No momento, o uso de ferramentas de biologia molecular mostra-se indispensável para tal tarefa.

Com o objetivo de desenvolver ações conjuntas, com base na cadeia de produtos mais vulneráveis à H. armigera, pesquisadores da área de entomologia de algumas Unidades da Embrapa formaram uma linha de frente para o enfrentamento do problema. As Unidades Hortaliças (Brasília-DF), Cerrados (Planaltina-DF), Soja (Londrina-PR) e Algodão (Campina Grande-PB) estão atuando de forma integrada e com a perspectiva de identificar pontos em comum, visando o compartilhamento de estratégias e experiências de manejo da praga-alvo nas respectivas culturas trabalhadas pelas unidades nas diversas regiões brasileiras.

As discussões tiveram como base o documento “Ações emergenciais propostas pela Embrapa para o manejo integrado da Helicoverpa spp.”, formulado a partir do encontro entre entomologistas da empresa de pesquisa e representantes de produtores e instituições ligadas ao setor produtivo.

A Embrapa considera que o aumento das populações de lagartas do gênero Helicoverpa, principalmente o crescimento abusivo reportado na Bahia, e consequentes prejuízos aos sistemas de produção foram ocasionados por um processo cumulativo de práticas de cultivo inadequadas. O plantio sucessivo de espécies vegetais hospedeiras (milho, soja e algodão) em áreas muito extensas e contíguas, junto com um manejo inapropriado com uso abusivo dos agrotóxicos (https://www.embrapa.br/alerta-helicoverpa/), associado a condições climáticas favoráveis estão entre as principais causas desse desequilíbrio ecológico. Isso também parece ocorrer em várias outras regiões onde tal praga agora chama a atenção de produtores e consultores técnicos.

O grupo de pesquisadores da Embrapa, que vem acompanhando e articulando ações relacionadas ao enfrentamento da H. armigera, esteve reunido nos dias 12 e 13 de junho para a troca de experiências e a proposição de táticas de controle desta praga dentro da filosofia do manejo integrado de pragas (MIP), as quais poderão respaldar em breve os trabalhos de elaboração de um programa nacional de manejo da Helicoverpa.

Com relação ao desenvolvido pela Embrapa Hortaliças, o pesquisador Miguel Michereff Filho informou que uma das primeiras ações envolveu o levantamento da situação da tomaticultura na região do Distrito Federal e de Goiás. Os resultados não foram nem um pouco animadores, principalmente para os produtores de tomate de mesa.

– Como nesse setor qualquer dano reduz o valor de venda, a infestação vem provocando grandes prejuízos, que podem ser atribuídos, em boa parte, à falta de informações técnico-científicas e de manejo adequado desta nova praga por cerca de 80% dos produtores – registrou Miguel.

No Brasil, ainda não há inseticidas registrados para a H. armigera na cultura do tomateiro, o que torna a convivência e o manejo desta praga ainda mais crítica para as próximas safras, principalmente em Goiás. Apesar disso, há grande expectativa no desenvolvimento tecnológico na área de controle biológico, envolvendo o emprego da vespinha parasitoide de ovos (Trichograma spp.), de inseticidas biológicos a base da bactéria Bacillus thuringiensis (produtos com mistura das subespécies kurstaki e azawai) ou à base de vírus que matam lagartas, os quais poderão ser utilizados tanto na produção convencional como na orgânica. Portanto, o uso de inseticidas seletivos em favor dos inimigos naturais será indispensável para o sucesso no controle da praga. Outro grande reforço para a implementação das táticas de controle é o monitoramento de adultos (mariposas machos) de H. armigera pelo emprego de armadilhas iscadas com feromônio sexual sintético (produto ainda não registrado no Brasil).

A nova tecnologia reduzirá as dificuldades encontradas pelos produtores com o uso de armadilhas luminosas (fontes de energia elétrica no campo, influência da lua cheia na atração das mariposas e confusão na identificação dos insetos descamados) e permitirá que medidas de controle (inseticidas químicos, biológicos e parasitoides de ovos) sejam utilizadas de forma mais efetiva contra a praga. Soluções técnicas existem e o problema gerado pela H. armigera na agricultura brasileira poderá ser resolvido nos próximos anos, desde que haja o empenho de toda a sociedade.

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