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Pesquisadores alertam para importância da rotação de culturas

Investigações mostram que, mesmo no campo semeado de forma permanente, alternar a lavoura com plantas de cobertura é fundamentalPesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) alertam para a importância de se adotar plantas de cobertura e fazer a rotação de culturas. As pesquisas também revelam que mesmo no campo semeado de forma permanente alternar a lavoura com plantas de cobertura é fundamental para a saúde do solo e o aumento da produtividade.

Em metade dos seus 300 hectares, o agricultor Salvador Rico acabou de colher soja e vai fazer rotação com nabo forrageiro e aveia preta. Ele quer manter a fertilidade do solo para a safra do verão 2012. Nos outros 150 hectares, o milho safrinha  cresce  saudável. O agricultor conta que há 20 anos trabalha com revezamento de plantas e  rotação de culturas. O produtor já garantiu um aumento de mais de 15% de produtividade.

? Com certeza isso vai melhorando de ano a ano. Por exemplo, não é só o ano que vem. Eu posso atingir até 40% ainda. Não adianta plantar tudo e esquecer de fazer adubação verde. O agricultor tem que colocar na balança porque, com certeza, ele vai ter um excelente resultado ? disse o produtor.

As pesquisas indicam que as plantas de cobertura deixam o solo mais nutrido. As espécies semeadas na rotação de culturas também ajudam a reduzir problemas como os nematóides, que estão causando prejuízo em lavouras em várias regiões do Brasil. Além, disso, os agricultores já sentem melhora na produtividade a partir do primeiro plantio da lavoura principal.

O agricultor Dionísio Mata também está terminando de colher soja, mas não planejou semear vegetação de cobertura. Ele diz que sabe da importância do sistema. Mas explica que a falta de capitalização dos agricultores impede que a maioria invista neste sistema.

? Tem que fazer duas safras para tentar amenizar os problemas que a gente vem passando na agricultura nos anos anteriores, que perdemos safra. E há problemas hoje com equipamentos para cortar a palhada. As máquinas que nós temos hoje não são suficientes para cortar uma palhada grande, que é a que dá um bom retorno para a rotação de culturas ? disse Mata.

O Paraná tem 6,5 milhões de hectares cultivados. No entanto, apesar do alto volume de produção, perto de 2,5 milhões ficam sem semeadura entre o outono e o inverno, o que favorece as plantas daninhas, doenças de raiz e fungos de solo. Além disso, o plantio apenas de soja, milho e trigo também aumenta a chance de doenças e de erosão. Várias plantas podem ser usadas como cobertura verde, conforme a região e o tipo de solo.

Para o Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e toda a região Sul do Brasil, são recomendadas a aveia preta, ervilhaca, o tremoço, o nabo forrageiro, a ervilha forrageira e o centeio. O solo de regiões mais quentes, como o Cerrado e o Nordeste, responde bem principalmente ao milheto, às várias espécies de crotalária e ao sorgo.

O pesquisador do Iapar Ademir Calegari diz que plantar vegetação de cobertura é plantar lucro em curto prazo. O sistema garante, em média, de 10% a 40% a mais em produtividade. E sem prejudicar o ciclo das lavouras comerciais.

? Nós queremos que esse agricultor não deixe o espaço oneroso no outono/inverno, ou entre uma safra e outra. Nós temos plantas de cobertura, por exemplo, como o painço português, que em 45 dias podemos fazer uma ótima cobertura, com 3,4 toneladas. Nós temos plantas de cobertura de 60, 70 dias, de 90 dias, 120 dias. A ideia é de que esteja todos os meses o solo coberto. Quanto mais intensa for essa rotatividade, essa diversificação, maior o potencial produtivo, mais se produz, menos nutrientes se perde, o ambiente vai estar mais protegido, o agricultor com maior potencial de produção e melhor qualidade de vida ? diz o pesquisador.

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