Em quase todos os armazéns de grãos não é difícil encontrar algum visitante indesejado. Segundo as pesquisas, é possível encontrar de duas a 20 espécies diferentes no mesmo local. Não há um índice oficial de perdas pelo ataque de pragas na produção nacional de grãos estocados, mas o problema é considerado grave. A pesquisadora Leda Faroni, da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG), diz que duas categorias de pragas causam mais estrago: os insetos e as larvas de mariposas.
?A ordem dos besouros, coleóptera, é capaz de sobreviver em qualquer profundidade da massa de grãos, a 20 ou 30 metros. Eles se distribuem de forma uniforme na massa de grãos. E há, também, a ordem das mariposas ou traças, que é a ordem das lepidópteras. O grande problema das mariposas são as larvas, também chamadas de lagartas. Essas são capazes de furar, destruir e se alimentar da casca e do conteúdo do grão. São elas as responsáveis por destruir maquinários de moinhos ? afirma Faroni, coordenadora do Programa de Pós- Graduação em Engenharia Agrícola da UFV.
Outro problema é o excesso de pó nos armazéns. Além do risco para a saúde dos trabalhadores, o resíduo é matéria orgânica, e por isso inflamável. Com isso, há um risco alto de explosão por conta do atrito que há entre os próprios equipamentos de carga e descarga que ficam no espaço fechado. O pesquisador agentino Roberto Hajnal diz que o problema é similar no Brasil e no país vizinho.
? Os pontos são geralmente na recepção dos caminhões, na carga dos caminhões e dentro da própria unidade, na transferência de um transporte com outro ? explica Hajnal, diretor de Relações Internacionais da Aposgran.
Junto com os problemas, os pesquisadores também apresentaram alternativas para reduzir o ataque das pragas. Algumas soluções dependem de questões burocráticas. Outras estão em fase de estudos e revelam a preocupação dos especialistas em apresentar respostas ao setor produtivo.
Na conferência foi apresentado o uso do ozônio no combate às pragas. A técnica está em teste na UFV. O ozônio deve ser aplicado pelo sistema de aeração. A técnica está sendo melhorada para não secar demais os grãos, mas, mesmo com o aperfeiçoamento do método, Faroni alerta que é preciso investir na qualidade dos armazéns.
? O ozônio seria também um tratamento curativo. Ele não tem efeito residual, assim como a fosfina. É como se você esterilizasse a massa de grãos. Se não houver uma proteção, uma forma adequada de armazenamento, esse grão vai ser reinfestado.
Outra alternativa é a fosfina líquida para expurgo dos armazéns, adotada desde 2001 em países como Chile, Argentina e Estados Unidos, mas ainda sem registro no Brasil. De acordo com pesquisadores chilenos, que desenvolveram o sistema, a vantagem sobre o produto em forma de gás é a segurança contra explosões, porque não se usa amônia no processo. A eficácia, no entanto, é a mesma.