O aumento no número de raios pode estar relacionado com alterações no clima do planeta. Pesquisadores estimam que cada grau a mais registrado na temperatura global pode ocasionar um aumento de 10% a 20% na incidência de raios. Mas, por enquanto, isso é apenas uma hipótese.
Fazer um amplo estudo sobre os fatores climáticos que podem afetar a ocorrência de raios no país é a proposta do Projeto Temático “Impacto das mudanças climáticas sobre a incidência de descargas atmosféricas no Brasil”, apoiado pela FAPESP. Iniciado em dezembro passado e com previsão para durar até o fim de 2013, a pesquisa é liderada por Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat.
Segundo o pesquisador, a motivação do trabalho surgiu em 2007, após uma conferência do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas.
? No encontro, foi levantada a hipótese de que os raios aumentariam o efeito estufa ao provocar mais incêndios em florestas, que por sua vez liberariam mais dióxido de carbono, alimentando um ciclo contínuo ? disse.
O que incomodou o grupo do Elat foi não haver evidências conclusivas para confirmar ou derrubar a hipótese, nem dados sobre a relação entre mudanças climáticas e o aumento no número de raios.
Para investigar a questão, o projeto tomará como base três fontes principais de dados: a Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat), informações de satélite e registros do número de dias de tempestade.
? Cada uma dessas fontes tem vantagens e desvantagens que devem ser consideradas ? disse Pinto Júnior.
Segundo ele, a Rindat oferece informações precisas, mas a rede mudou ao longo do tempo e, por isso, há dados de tipos diferentes a analisar. Além disso, o sistema é recente, tem apenas dez anos, e cobre apenas parte do país ? as regiões Sul e Sudeste e parte do Centro-Oeste.