Tendo em vista a falta de políticas públicas de apoio à comercialização, elevado risco de rentabilidade da cultura e o seu alto custo de produção, pesquisadores do Cepea defendem que o produtor crie um fundo de reserva a ser feito em anos de boa rentabilidade para cobrir prejuízos em anos ruins. Tendo essa reserva, o produtor evita sua inadimplência, que poderia limitar seu acesso ao crédito ou ter de pagar juros muito elevados. Em alguns casos, após um ano ruim, o produtor pode mesmo ficar sem condição de manter o nível de investimento na cultura e entrar num ciclo de pobreza. O fundo de reserva evitaria ou ao menos amenizaria os impactos de uma safra amarga.
A estimativa de quanto o produtor deve provisionar em anos bons com vistas a cobrir prejuízos em outras safras, segundo pesquisadores do Cepea, começa pela análise do histórico do seu fluxo de caixa. Essa avaliação lhe apontará a freqüência de perda ou de ganho nos diferentes meses, ao longo de anos. Com dados apurados em campo a partir de 2006, os pesquisadores observam que julho e agosto são os meses de maior risco para a tomaticultura nacional, com mais de 40% de chances de o resultado do produtor ser negativo. Por outro lado, março, abril e maio são os meses de menor risco de prejuízo, sendo respectivamente de 11%, 6% e 13%.
O trabalho completo inclui percentuais de riscos de prejuízo ou de chances de lucro para cada mês, para cada região. Esse estudo aponta também de quanto foi, em média, a perda por hectare nos períodos em que houve prejuízo para as diferentes regiões produtoras. Em um dos cálculos, a equipe apresenta inclusive a probabilidade de se ter prejuízo de até R$ 10 mil por hectare ou de lucro acima de R$ 10 mil por hectare.
Os pesquisadores responsáveis pela pesquisa, Dra. Margarete Boteon, João Paulo B. Deleo e Richard Truppel, destacam que o ideal é que os tomaticultores avaliem o seu grau de exposição ao risco com base no seu fluxo de caixa antes de planejar o plantio. Para o cálculo apurado do fluxo de caixa, lembram, é importante uma contabilidade dos gastos e das receitas.
? O risco de preços é inerente à cultura do tomate e, independente da escala do produtor, todos estão expostos. A diferença é o modo como gerenciam o ‘dinheiro do tomate’ ? comenta a pesquisadora Margarete Boteon.