Polêmica no mercado e em Brasília, a iniciativa da Petrobras põe mais pressão para a aprovação rápida ao menos de um dos projetos que definem as regras de exploração no pré-sal: o da injeção de recursos por meio da troca de reservas de petróleo por papéis, chamada de “cessão onerosa”.
Aprovado na Câmara, com a inclusão de uma emenda que dá direito à compra de ações com recursos do FGTS (veja quadro), o projeto aguarda votação no Senado. Existe um acordo para quarta-feira, dia 9, mas não há garantia de que vá ser cumprido. Em 25 de maio, as ações da Petrobras chegaram a cair para R$ 26,55 ? seis meses antes, custavam R$ 38,11 ? pela incerteza da capitalização.
? A Petrobras parte do pressuposto que o projeto será aprovado, já está atrasado. É preciso acelerar. As férias no Hemisfério Norte podem dificultar o acesso dos investidores ? interpreta Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Na avaliação do especialista, a capitalização é “fundamental” para que a estatal possa investir no pré-sal.
? Depois da capitalização, a Petrobras deve anunciar rapidamente a elevação do seu plano de cinco anos, de US$ 174 bilhões para algo entre US$ 200 bilhões e US$ 220 bilhões ? avalia Pires.
Segundo o analista, a iniciativa deve se transformar em peça importante na campanha eleitoral.
Os bancos que vão coordenar a oferta são Bank of America Merrill Lynch, Bradesco BBI, Citi, Itaú-BBA, Morgan Stanley e Santander. Conforme Fernando Siqueira, diretor da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet), diminuiu o temor de entidades empresariais e petrolíferas internacionais quanto ao aumento da União no capital da Petrobras.
? Na audiência pública, estavam lá representantes desses segmentos, mas ninguém levantou objeções. Só eu, e porque a fórmula subavalia as reservas ? explicou Siqueira.
No mercado, o barril custa cerca de US$ 75. A avaliação antes da extração varia entre US$ 5 e US$ 10. Para Siqueira, seria melhor descontar o custo de produção do preço de mercado.