O combustível foi embarcado na Venezuela, que já conta com encomendas futuras, e chegará ao litoral brasileiro ainda neste mês.
Segundo a empresa, foram importados aproximadamente 270 mil metros cúbicos. É o equivalente a cerca de 2 milhões de barris.
? Para os meses subsequentes, a Petrobras está avaliando a necessidade de importação e, se existente, estimará o volume a ser importado ? informou a estatal, por meio de nota.
A compra da gasolina venezuelana resultará em uma conta de cerca de US$ 140 milhões para a empresa.
Para Ildo Sauer, professor da Universidade de São Paulo e ex-diretor da Petrobras, o volume de 2 milhões de barris não chega a ser expressivo, já que é equivalente à produção diária da companhia. Mas se surpreendeu com a importação.
? A empresa era superavitária de gasolina desde a entrada do Proálcool, nos anos 70 ? lembra.
Especialista em energia, Adriano Pires, diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), analisa o movimento da petroleira brasileira.
? Há quase uma década o Brasil se tornou um exportador. Primeiro, foi o anúncio da Petrobras de que interromperia a exportação, há cerca de um mês, e agora tem de comprar de outros produtores. É surpreendente ? afirma Pires.
A necessidade de importar gasolina veio dos problemas que o etanol brasileiro vem enfrentando nos últimos meses. A chuva que interrompeu a colheita e o desvio de parte da cana plantada para a produção de açúcar, com excelente cotação no mercado internacional, fizeram com que a oferta do produto fosse insuficiente para atender à demanda.
Os preços do etanol subiram. A expectativa é de que o mercado só comece a se normalizar com o início da safra, que em algumas usinas será antecipada de abril para o fim deste mês. Com o etanol mais caro, donos de carros flex deixaram de ver atratividade no combustível e migraram para a gasolina.
Além disso, desde o último dia 1º, está em vigor uma mistura menor de etanol na gasolina. Em vez dos 25%, passou a 20%. Com estoques baixos e aumento do consumo de gasolina, a Petrobras recorreu à importação.
E a melhora do poder aquisitivo tem acelerado as vendas de veículos nos últimos anos no país. Como consequência, o consumo de combustível tem aumentado. De 2008 para 2009, a demanda por etanol subiu 23,9%, enquanto a da gasolina cresceu 0,9%. Na soma de todos os combustíveis, a alta de um ano para o outro foi de 3%.