A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou nesta terça-feira, dia 6, que o PIB do agronegócio terá crescimento de 2,5% a 3% ao fim de 2016. O resultado é considerado expressivo em virtude da recessão econômica enfrentada pelo país desde o ano passado, informa a entidade, por meio de comunicado. Economistas do mercado financeiro projetam retração de 3,43% no PIB do país este ano, conforme o mais recente Relatório de Mercado Focus, do Banco Central.
Segundo a CNA, que realizou nesta terça um balanço do agronegócio em 2016 e as perspectivas do setor para 2017, o setor deve elevar a participação de 21,5% para 23% no PIB e, hoje, representa 48% das exportações totais do país. Além disso, o agronegócio proporcionou 50 mil novas vagas nos primeiros dez meses do ano, enquanto os demais setores da economia cortaram 792 mil postos de trabalho.
Números da CNA mostram, ainda, que as vendas externas do agronegócio deverão garantir saldo comercial significativo ao país em 2016: US$ 72,5 bilhões. De janeiro a novembro deste ano, os 15 principais produtos do agronegócio representaram 38% do total das vendas externas do Brasil.
Na avaliação da CNA, a agropecuária deverá continuar crescendo em 2017, liderando o início da retomada econômica do país. Grandes desafios, contudo, ainda terão de ser superados. “Uma questão estratégica para o setor é a elaboração da lei agrícola plurianual, em contrapartida ao modelo em vigor, de programas anuais”, informa a CNA.
Para 2017, a expectativa é de continuidade no crescimento do volume de exportações, com abertura de novos destinos para os produtos agropecuários e agroindustriais. “O mercado global de commodities continuará marcado pela cautela relacionada à variação cambial e às incertezas políticas mundiais. A combinação desses fatores poderá influenciar a dinâmica e o fluxo do comércio global, criando desafios e oportunidades para o produtor rural brasileiro”, conclui a CNA. A superintendente de relações internacionais da entidade, Lígia Dutra, afirma que o foco para o ano que vem é abertura de novos mercados, já que os tradicionais como Europa e Estados Unidos tendem a se fechar.
De acordo com o superintende técnico da CNA, Bruno Lucchi, o clima deve ajudar o setor no ano que vem, ao contrário do que ocorreu em 2016, afetando a safra e tendo efeito negativo sobre o PIB.
“O que a gente espera é que, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, que têm grande parte da produção, as chuvas sejam mais distribuídas e até acima da média. Já as regiões do extremo sul pode ter alguma anormalidade, prejudicando um pouco o enchimento do grão da soja, mas em geral será um cenário mais positivo do que no ano anterior”, disse Lucchi
No cenário econômico, a tendência é de dólar mais alto em 2017, o que pode ser bom para o setor agropecuário. O economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale, que presta consultoria à CNA, acredita em uma taxa de câmbio de pelo menos R$ 3,40. “Por conta da situação política, também é muito fácil ver essa taxa a R$ 3,60. Com isso e a possibilidade de o Brasil começar a se abrir para outros mercados, há um potencial adicional para o setor agrícola ano que vem”.