Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB da agropecuária mostrou alta de 2,8%. O setor registrou o maior crescimento sob a ótica da produção no primeiro trimestre em relação ao período imediatamente anterior.
Soja, arroz e algodão impulsionaram crescimento
Segundo a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, culturas de soja, arroz e algodão impulsionaram o aumento.
– Foi principalmente por causa da soja, do arroz e do algodão, que estão com perspectiva de crescimento no ano. A soja sofreu um pouquinho, porque teve queda na produtividade. Apesar do aumento da quantidade produzida, a área plantada cresceu mais, então teve perda de produtividade – lembrou Rebeca.
O IBGE apontou que a estimativa de aumento da produção de soja para este ano é de 6,3%. A cultura de arroz deve registrar alta de 7,7% na safra do grão, enquanto o algodão deve ter expansão de 23,5% e o fumo, de 0,4%. Segundo Rebeca, algodão e arroz tiveram alta no crescimento de produtividade. Na direção oposta, a safra de milho deve ser 7,2% menor este ano.
– O milho é uma cultura que teve queda importante no trimestre, e teve impacto (no PIB agropecuário do período), mas foi mais do que compensado pelo crescimento da soja, do arroz e do algodão – explicou a gerente do IBGE.
Segundo o sócio-diretor da MBAgro, José Carlos Hausknecht, o PIB ainda não mostrou todo o impacto da severa estiagem no início do ano no centro-sul do Brasil. Conforme Hausknecht, algum reflexo do clima adverso será sentido com mais força no atual trimestre, principalmente no que se refere às culturas de cana-de-açúcar, café e de citros.
– O resultado final do PIB da agropecuária em 2014, contudo, deve ser positivo, até porque temos uma boa safra de soja. Mesmo assim, não vai ser aquilo que vimos no ano passado – diz.
A tendência para o PIB da Agropecuária no restante do ano é positiva, avaliou Robson Mafioletti, agrônomo e assessor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). O desempenho dos setores de grãos e carnes, diz ele, deve continuar firme. E mesmo as safras de café e de cana-de-açúcar, que registraram quebras por causa da estiagem no início do ano, serão compensadas pela alta dos preços internacionais dos produtos.
– O trigo vai dar um puxada boa. A produção será maior, em torno de sete milhões de toneladas, a partir de dados preliminares. No ano passado, foram 5 milhões de toneladas. A perspectiva para a soja também é positiva, com produção passando de 81 milhões para 87 milhões de toneladas – afirmou.
Resultado era previsto, diz Geller
O ministro da Agricultura, Neri Geller, comemorou o desempenho do agronegócio sobre o resultado do PIB no primeiro trimestre como resultado política macroeconômica de apoio ao setor exercida pelo governo federal.
– O estímulo à inovação tecnológica pelo Plano Agrícola e Pecuário, com financiamentos a juros controlados pelo Tesouro Nacional e condições facilitadas de pagamento, também tem possibilitado melhorar a produtividade no campo. É importante também ressaltar a importância do Código Florestal para dar segurança ao produtor – disse o ministro.
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Segundo Geller, o resultado era previsto por causa do aumento no crédito para custeio, investimento e comercialização. Agricultura liberou mais de R$ 128 bilhões em crédito para os produtores rurais em dez meses da safra 2013/2014, de acordo com o ministro. Ele destacou também ações pela Política de Garantia de Preço Mínimo e medidas adotadas pelo Grupo de Trabalho Interministerial para Gestão do Escoamento da Safra, que incluíram o agendamento de caminhões para os portos, reduzindo custos operacionais e tempo no escoamento da produção agrícola.
O ministro listou ainda como positivo para o desempenho do agronegócio no PIB o “momento favorável do setor pecuário no mercado externo”. Ele lembrou que em 2013 as exportações de carne bovina somaram US$ 6,6 bilhões, pontuando crescimento de 16% sobre 2012, enquanto as vendas externas de frango atingiram US$ 7,96 bilhões, registrando alta de 3,3% ano passado sobre o anterior.
PIB da agropecuária deve crescer mais
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) avalia que o PIB da Agropecuária deverá avançar neste ano, apesar da severa estiagem que atingiu o Centro-Sul do país nos meses de janeiro e fevereiro. Conforme a entidade, a safra brasileira de grãos e fibras deve alcançar recorde de 191,2 milhões de toneladas, “justificando as expectativas de crescimento”.
A CNA diz que as culturas de soja, arroz e feijão primeira safra foram as que mais se destacaram no primeiro trimestre. Segundo a entidade, a expectativa é de que, no próximo trimestre, o setor agropecuário mantenha a tendência de crescimento. Isto porque, nos meses de abril, maio e junho, há o término da colheita da safra de verão e o início da colheita da segunda safra e da safra de algodão, que deverão sustentar o crescimento do PIB. De acordo com a CNA, também se encerrará no próximo trimestre a colheita do café e da cana-de-açúcar, mas estas duas culturas devem registrar queda, em função de problemas climáticos.
Indústria e Serviços
O PIB da indústria caiu 0,8% no primeiro trimestre de 2014 em relação ao quarto trimestre de 2013. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB da indústria mostrou alta de 0,8%. Já o PIB da atividade de serviços subiu 0,4% no primeiro trimestre de 2014 sobre o quarto trimestre de 2013. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, houve crescimento de 2%.
PIB de 2013 revisado para 2,5%
Com os resultados do primeiro trimestre, o IBGE revisou a alta do PIB de 2013 ante 2012 para 2,5%, ante crescimento de 2,3% na leitura inicial. A nova taxa decorre da incorporação dos dados da nova série da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), que conta com mais produtos e informantes e começou a ser divulgada no início deste mês.
A revisão no PIB do ano de 2013 ocorreu devido a mudanças nos resultados de todos os trimestres do ano passado. Nas taxas com ajuste sazonal (ante o trimestre imediatamente anterior), a alta do quarto trimestre passou para 0,4% (+0,7% na leitura inicial). No terceiro trimestre, a queda foi menos intensa, de -0,3% (ante -0,5% na leitura inicial).
Ainda nos dados com ajuste, a taxa do segundo trimestre foi revista para +1,6% (de +1,8% na leitura inicial), enquanto o resultado do primeiro trimestre de 2013 ante o quarto trimestre de 2012 passou para +0,4% (antes, era apontada em 0,0%).
Na comparação em relação a igual trimestre do ano anterior, o crescimento da atividade no quarto trimestre de 2013 passou a 2,2%, de 1,9% na leitura inicial. No terceiro trimestre do ano passado ante igual período de 2012, a revisão foi para +2,4%, de +2,2%.
No segundo trimestre de 2013, a alta ficou em +3,5%, de +3,3% ante o segundo trimestre de 2012. No primeiro trimestre do ano passado, a alta passou para 1,9%, antes verificada em +1,8%, na mesma base.
