O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário no país deve apresentar crescimento maior do que o previsto para 2020. A estimativa é do Instituto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que revisou as previsões para este ano.
De acordo com estudo divulgado nesta sexta-feira, 21, para 2020 o PIB do setor deve ter alta que de 3,4% a 4,15%, com base em projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A estimativa anterior do Ipea era de crescimento de 3,2% a 3,7%, respectivamente.
De acordo com o Ipea, a alta nos cenários para a safra 2019/2020 representa forte aceleração da atividade do setor em relação ao ano passado, quando o crescimento foi de 0,7%, de acordo com a estimativa do instituto.
Segundo o estudo, nos dois cenários, o componente que mais deve contribuir positivamente para esse resultado é a lavoura. A estimativa é que a lavoura cresça acima de 3,9% devido principalmente ao crescimento esperado nas produções de soja e café.
No caso da soja, que é o de maior peso na lavoura, as previsões indicam que a produção deste segmento deve crescer entre 7,1% (segundo a Conab) e 8,7% (de acordo com o IBGE). Aliado a isso, é esperada uma alta de dois dígitos na produção de café, 13,1%.
Para a pecuária, as estimativas indicam um crescimento de 3,5% neste ano. O destaque fica com a produção de suínos, com alta de 4,5%. O segmento de bovinos deve apresentar crescimento de 3,5% e a de aves, 2,1%.
Para o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, os efeitos econômicos do coronavírus podem representar um risco para as projeções do PIB agropecuário, uma vez que a demanda externa por carnes e, por consequência, a produção interna podem ser afetadas.
Contudo, Souza não acredita em um efeito negativo sobre a produção da carne suína para a exportação porque a China ainda sofre as consequências da peste suína africana e seus rebanhos permanecem reduzidos.
Exportações
O Brasil é o maior exportador mundial de soja e as exportações brasileiras podem ser afetadas pelo recente acordo entre Estados Unidos e China, que prevê crescimento de 192% das importações de soja para a China em 2020 e de 258% em 2021 na comparação com 2019.
Porém a meta é inalcançável, uma vez que representaria um volume maior do que toda a soja produzida nos Estados Unidos nos dias atuais. Mas tudo indica que haverá uma grande pressão para ampliar as exportações norte-americanas para a China, deslocando os principais fornecedores.
“Por se tratar de uma commodity, é sempre possível realocar a oferta brasileira para outros mercados que deixariam de ser atendidos pela soja dos EUA, com todas as dificuldades de redefinições logísticas e contratuais envolvidas”, informou o relatório.