Produtoras rurais conseguiram antecipar a compra de insumos e apostaram na análise do solo para reduzir a adubação, economizando em uma safra de altos custos
João Henrique Bosco | Ponta Porã (MS)
Em Mato Grosso do Sul, a área plantada com soja deve aumentar em até 100 mil hectares, a estimativa é da Federação da Agricultura do estado (Famasul). Mesmo com os custos mais altos, os produtores continuam investindo em tecnologia graças ao planejamento, o que favorece na economia dos gastos.
Segundo o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2015/2016, o país deve produzir pela primeira vez na história mais de 100 milhões de toneladas. Mato Grosso do Sul deve acompanhar este crescimento.
– A soja de verão tem tomado espaço principalmente do algodão e do milho de verão, que diminuíram a área nos últimos cinco anos. Vai chegar o momento que podemos até deixar de plantar o milho de verão e ter somente a soja. Estamos com a área de 2,4 milhões de hectares e aumentando cada vez mais – comenta o analista de grãos da Famasul Leonardo Carlotto.
Em Ponta Porã, município que a Expedição Soja Brasil visitou, é um dos exemplos deste aumento de área. Tradicional propriedade de pecuária de corte, a quarta geração da família May decidiu utilizar os 560 hectares totalmente para cultivo da oleaginosa. O plantio começou em setembro. A expectativa é de repetir a produtividade da última safra, cerca de 50 sacas por hectare. Boa rentabilidade com economia. Os insumos foram comprados antes da alta do dólar.
– Quem ficou para trás mesmo porque agora o preço subiu e o dólar também. Ainda nós conseguimos um preço bom, pelo menos 30% mais barato que agora – afirma a produtora Malena de Jesus May.
Em um ano em que os custos da safra estão mais altos, qualquer medida para diminuir os gastos é bem vinda. Se a economia não causar perda de rentabilidade, é melhor. Foi o que a produtora rural conseguiu. Outro ponto de contenção de gastos foram os fertilizantes. A análise de solo mostrou que a adubação poderia ser reduzida pela metade na comparação com a safra passada.
– Neste caso, isso é perfeitamente viável de ser feito. São terrenos já trabalhados com soja há 12 anos. A fertilidade está alta, o fósforo, potássio e o cálcio estão altos, o magnésio está equilibrado e tem ausência de alumino. É uma situação que você pode diminuir a adubação sem perder rendimento – explica o consultor técnico Áureo Lantmann.