Fiuza participou, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), de seminário promovido pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Rio (Apimec/RJ). De acordo com ele, os países que tiveram expansão da fonte eólica contaram com programas de governo, com metas de quantidade a ser comprada, preço e período determinado.
? Isso é fundamental para que as indústrias se instalem e para que os empreendedores iniciem os seus investimentos em detecção de áreas, arrendamento, medição de vento e estabelecimento de projetos no longo prazo. Achamos que a primeira etapa a ser incrementada agora é estabelecer um plano.
Esse plano englobaria a contratação, por 10 anos, de mil MW/ano de energia eólica, o que resultaria em 10.000 MW no período final.
Na avaliação do presidente da ABEeólica, falta decisão política para definir esse plano para o setor. Ele observou, porém, que, já existe um discurso unificado no Brasil sobre a importância da geração eólica.
? As autoridades estão fazendo o mesmo discurso que estamos pregando há dois anos, o que nos deixa muito otimistas.
Fiuza estima que até o final de 2010 o potencial instalado da energia eólica brasileira chegará em torno de 1.300 MW.
Em comparação a outros países que também investem na fonte eólica para geração de energia – como Portugal, onde são gerados 2.870 MW -, Fiúza afirmou que o Brasil ainda está muito atrasado. Diferentemente de outras nações, entretanto, o Brasil apresenta uma situação particular, reunindo todas as condições que permitem produzir energia renovável em abundância, sob todas as formas: hidrelétrica, eólica, biomassa, solar. Essas condições, assinalou, permitem que o Brasil tenha crescimento e desenvolvimento econômico por muito tempo, com total independência.
? Dentro desse contexto, a eólica agora passa a ser vista com outros olhos ? disse Fiuza.
Isso decorre do fato de as reservas hidrelétricas contidas na região de mais alto consumo, que é a costa brasileira, já terem sido esgotadas, explicou.
?Daqui para frente, todo o nosso potencial a explorar está na Amazônia. E ali a tecnologia sai de grandes reservatórios que acumulam muita água.
Naquela região, com as usinas a fio d’água (que não possuem reservatórios), a energia tem que ser complementada por outras formas de geração.
? E a eólica é a (fonte) de maior potencial, seguida pelas pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e biomassa. E, futuramente, pela solar.
Fiuza disse que as projeções do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no que diz respeito à energia eólica, já serão ultrapassadas com o leilão de reserva programado para novembro próximo. O Plano Decenal prevê que a geração eólica alcançará 3.000 MW em 2017.
? O plano está sendo anualmente modificado. É apenas uma sinalização. E como sinalização, ele está péssimo. Enquanto que, para o ano, o novo PDE já vai acenar para uma participação da eólica bem mais forte.