Enquanto o programa não é instaurado, o produtor que não tem condições de ter o próprio silo pode usufruir de descontos em serviços de armazenagem nas unidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em todo o país. Na atual situação, o Brasil tem capacidade para estocar 143 milhões de toneladas em 176 armazéns públicos e 34 mil privados.
Na propriedade da família do engenheiro agrônomo Pierre Meotti Cerezer, são plantados 120 hectares de milho, que costumam resultar em duas mil toneladas, uma produtividade que precisa ser armazenada. A família aluga um espaço e desembolsa R$ 24 mil reais para manter o serviço.
– Hoje, para você manter um armazém, é muito caro. O investimento que você precisa para fazer esse armazém, a estrutura que tem que ser bem feita, bem elaborada, é muito caro. Tem as etapas de secagem, limpeza, armazenagem. Tem todo um cuidado no armazenamento para não dar problema de umidade, de doenças – afirma o engenheiro.
O objetivo do futuro Plano Nacional de Armazenagem é melhorar situações como a da família Cerezer, aperfeiçoando e ampliando a capacidade de estocagem de grãos em todo o país. O programa prevê a criação de novos armazéns públicos e incentivos à construção de silos privados.
– Vai contemplar todo o setor e vai dar segurança para o governo também, porque os armazéns públicos serão destinados para aquisição da produção, e aí contempla o estoque regulador, que é importante e estratégico para o país – define o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
Enquanto a Conab ainda projeta a ampliação de silos, ela incentivando a utilização dos locais já existentes. Os descontos nas tarifas são de até 30%, dependendo da quantidade e do tempo de permanência do produto.
– É um programa de bonificação das tarifas de armazenagem, prestação de serviço, recepção, secagem, limpeza. Então, os produtores que tiverem interesse, precisam procurar as unidades armazenadoras da Conab mais próximas. Elas estarão disponíveis para que eles vejam a possibilidade de secarem os seus produtos, beneficiarem e, assim, garantirem uma renda – pontua o superintendente de Armazenagem da Conab, Rafael Bueno.
O professor João Batista Soares, da Faculdade de Agronomia da Universidade de Brasília, reforça que é preciso aumentar os investimentos para conseguir comportar o aumento de produção registrado pelo Brasil a cada ano.
– O ideal seria que se tivesse uma estrutura de armazenagem que contemplasse o déficit atual, em torno de 40 milhões de toneladas, e que previsse o aumento da produção de grãos brasileira, que é histórica e com potencial enorme para se ter concomitantemente a um apoio logístico de escoamento da safra – aponta o especialista.