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Planta ornamental hospeda ferrugem asiática e traz preocupação aos sojicultores

Embrapa confirma já ter encontrado a doença neste tipo de vegetação. Assista o vídeo gravado por um produtor que mostrou a ferrugem na parte baixa da planta
Daniel Popov, de São Paulo

O plantio antecipado da soja está ajudando a elevar rapidamente os casos de ferrugem asiática pelo país. Até o dia 4 de dezembro foram relatados 57 ocorrências da doença em lavouras comerciais. Mesmo respeitando o período de vazio sanitário, a doença acabou encontrando um meio de se propagar, uma delas através de uma planta ornamental conhecida como Kudzu. A própria Embrapa reconheceu o problema. Um produtor do Rio Grande do Sul fez um vídeo para mostrar a planta infectada que encontrou.
O Kudzu (pueraria lobata) é uma das poucas plantas, além da soja, que hospedam os esporos da ferrugem asiática. Com hábitos de crescimento rasteiros, a planta originária do Japão cresce sobre árvores e cercas, mas também foi usada como opção para cobertura de solo em barrancos e margens de estradas, afirma o pesquisador Rafael Soares, da Embrapa Soja.

Foto: Rafael Soares

“Se o produtor identificar o kudzu deve fazer a roçagem mecânica e depois passar herbicida para a planta não voltar a nascer”, diz Soares.

Um vídeo gravado no dia 26 de novembro, em Carazinho, no Rio Grande do Sul, tem rodado os grupos de Whatsapp pelo país e mostra uma planta de Kudzu infestada pela doença. Assista abaixo:

Para entender um pouco o problema o Projeto Soja Brasil enviou o vídeo para a Embrapa, que confirmou que a planta pode ser um problema. Segundo a entidade, no Rio Grande do Sul há o agravante de não haver a adoção do vazio sanitário. A pesquisadora Leila Costamilan, da Embrapa Trigo, confirmou relatos de ferrugem em plantas voluntárias de soja, que sobreviveram ao inverno em várias regiões, e em também em kudzu, indicando a presença de esporos do fungo.

“Até agora, há 12 relatos de focos da doença, em áreas comerciais do estado. Alguns produtores conseguiram semear cedo, o que ocasionou uma grande janela de semeadura. As primeiras áreas semeadas irão produzir inóculo para as áreas que semearam mais tarde”, explica.

Além disso, a entidade afirmou que recebeu relatos de agrônomos reforçando a ocorrência de ferrugem da soja em kudzu. “A ferrugem está chegando muito cedo nas lavouras comerciais e as condições climáticas são favoráveis para a doença”, afirma Laercio Hoffmann.

Foto: Rafael Soares

Alerta aos produtores

A ferrugem-asiática da soja chegou mais cedo nas lavouras comerciais na safra 2018/2019, acompanhando a implantação antecipada das lavouras, logo após o término dos períodos de vazio sanitário. Até agora há 57 relatos de ferrugem em seis estados – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Somente na temporada 2009/2010, o país viu tantos casos até o dia 4 de dezembro, com 70 ocorrências.

“A semeadura cedo, associada às plantas de soja voluntárias (guaxas) com ferrugem que sobraram do vazio sanitário e as condições favoráveis, com chuvas bem distribuídas, fez com que as primeiras ocorrências fossem antecipadas em até um mês em relação à safra 2017/2018”, explica a pesquisadora Claudia Godoy, da Embrapa Soja.

A dificuldade para manejar a doença será ainda mais complexa nos estados em que a semeadura foi mais tardia, a exemplo do Rio Grande do Sul. Nessa safra, a pesquisadora Leila Costamilan, da Embrapa Trigo, diz que as chuvas frequentes e em altos volumes, em outubro, atrasaram os plantios. “Também fizeram com que, em algumas áreas, ocorressem replantios devido à morte de soja, causada pela doença podridão radicular de fitóftora”, destaca a pesquisadora. Mesmo assim, a ferrugem foi relatada 10 dias mais tarde, nesta safra, do que na safra 2017/2018.

Por isso, a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, enfatiza a necessidade de se intensificar o monitoramento da doença e também manejar adequadamente a ferrugem.

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