Plantação de soja em área desmatada na Amazônia cresce 86%

Números foram divulgados nesta quinta, dia 13, durante a assinatura de renovação da moratóriaA plantação de soja em área desmatada na Amazônia quase dobrou desde a última safra. Os números foram divulgados durante a assinatura da renovação da moratória da soja, nesta quinta, dia 13, em Brasília. Pelo acordo, as empresas ligadas à Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e à Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), se comprometem a não comprar soja produzida em áreas de desmatamento. O pacto agora vale até janeiro de 2013.

Desde 2006 as duas entidades, em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente, Banco do Brasil e ONGs monitoram o desmatamento na Amazônia. Mesmo assim, na última safra, o plantio de soja em área desmatada cresceu 86%. Foram 11,698 mil hectares, o que corresponde, no entanto, a apenas 0,4 % do desmatamento ocorrido no bioma desde 2006.

De acordo com o presidente da Abiove, Carlos Lovatelli, o crescimento da produção de soja nos últimos anos é impressionante. Nessa safra foram produzidas 74 milhões de toneladas e a cada ano o crescimento é de 10 milhões de toneladas.

? Há um desafio claro à moratória. Ainda não há soja de desmatamento chegando na prateleira do supermercado porque a indústria não está comprando e porque o produtor em geral leva dois anos para plantar o grão. No entanto, se a moratória acabar, vai haver soja ilegal no supermercado ? afirmou o coordenador da campanha Amazônia Greenpeace Brasil, Paulo Adário.

A devastação ficou concentrada principalmente em municípios de Mato Grosso e Pará. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, com a discussão sobre o Código Florestal em andamento os produtores podem ter entendido que haveria uma espécie de anistia a quem desmatasse, até ser aprovada a legislação.

? O que nós estamos vendo junto com a Abiove e a Anec é que o resultado do monitoramento da soja, a moratória da soja, mostra que esse aumento pode estar associado a uma discussão sobre Código Florestal ? aponta a ministra.

O grupo de trabalho da soja também anunciou como prioridade para este ano o incentivo para que os produtores façam o cadastro ambiental rural, uma forma de melhorar a fiscalização.