Agricultura

Estudantes criam papel com semente que pode ser plantado após uso

Rúcula, tomate e manjericão são só algumas das possibilidades de colheita; a dupla pernambucana vai concorrer a prêmio de empreendedorismo

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Foto: Paper Plant/divulgação

Já pensou pegar um caderno velho ou embalagem de presente e plantá-lo? Estudantes de administração do Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), em Caruaru (PE), perceberam o grande descarte de papel e resolveram fazer algo sobre isso. “Vimos uma possibilidade de ajudar o meio ambiente e trabalhar a conscientização”, conta Lilia Tenório, que começou o projeto em 2017 junto da amiga Raysa Liandra.

O professor responsável por orientar a dupla, José Marcone, relembra que tudo começou quando Lilia viu a ideia em um programa de TV. “Depois elas entraram em contato com alunos da unidade de Campinas da Universidade de São Paulo (USP), que realizam um projeto de sementes. Aí descobriram como poderiam acrescentá-las à ideia original”, relata.

As alunas começaram a recolher papéis no Cebrac, gráficas, faculdades e outras instituições que possuem pontos de coleta. Até chegar ao que é hoje, o projeto demandou muita pesquisa e, segundo Raysa, foi tudo na base do teste. “Levamos um ano para chegar às folhas perfeitas”, diz.

Lilia e Raysa produzindo as folhas de papel-semente
Lilia e Raysa produzindo as folhas de papel-semente – Foto: Paper Plant/divulgação

Como funciona?

O papel coletado é deixado de molho por 24 horas e depois é processado até virar uma polpa. Passada essa etapa, o material é colocado em uma bacia com água. Depois vai para uma tela onde escorre até ficar completamente seco. O processo é repetido para gerar uma segunda folha e, na sequência, a semente é colocada entre os dois papéis, como um sanduíche. Para fazer as duas folhas, são necessárias de 800 gramas a 1 quilo de papel, diz Marcone.

“O ideal é trabalhar com sementes pequenas, pois são mais resistentes e fáceis de brotar”, salienta o professor. Elas podem ser das mais variadas: rúcula, tomate e camomila são só alguns dos exemplos. As estudantes também obtiveram bons resultados com árvores nativas.

papel-semente plantado em vaso
Papel-semente plantado em vaso – Foto: Paper Plant/divulgação

Colhendo os frutos

A ideia deu tão certo que as jovens decidiram espalhar para além do Cebrac. O papel-semente evoluiu para a recém-criada empresa Paper Plant, que já oferece seus serviços para moradores locais. São feitos cartões de aniversário, cartões de visita, convites e etiquetas. “O polo do Cebrac onde ficamos é de confecção, então no início focamos em etiquetas para as roupas, mas atendemos todo o tipo de público”, conta Marcone.

Nova call to action

Além do sucesso local, as meninas vão apresentar o projeto na Feira Nacional de Empreendedorismo (FNE), que acontece em abril, em Londrina (PR). A Paper Plant foi escolhido pelo Cebrac para representar Caruaru na categoria Indústria.

“Foi maravilhoso e gratificante ter nosso trabalho reconhecido, além de representar meu município, em um evento tão importante”, diz Lilia. Formada em direito, ela nunca pensou em atuar com sustentabilidade, mas “o desenvolvimento deste trabalho me mostrou como é importante ter ações sustentáveis e levar através da nossa empresa e do nosso produto um despertar de consciência da população.”

A pernambucana Raysa já teve até uma empresa na área de vestuário, mas também se rendeu ao projeto e à importância para a sociedade. “Não trabalhamos apenas a conscientização do papel semente, trabalhamos também a educação ambiental e alimentar, por usarmos sementes de hortaliças e ter a possibilidade de arborizar a cidade”, declara.