Visando o milho segunda safra, muitos produtores fizeram o plantio mais cedo e enfrentaram fortes estiagens; média do município é de 55 sacas/ha, nesta safra deve ser de 30 sacas
Fernanda Farias | Guaíra (PR)
A antecipação da semeadura da soja, com vista no milho de segunda safra, tem contribuído para a redução de produtividade nesta safra, a seca foi a principal responsável. No Paraná, encontramos lavouras que colheram menos de 30 sacas por hectare.
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Visitamos o município de Guaíra, a 640 km de Curitiba. A área produtiva é de 35 mil hectares, sendo 90% ocupados pela soja. Chegamos no dia seguinte a um dos mais quentes deste época na região, o termômetro chegou a marcar 55°C dentro da lavoura.
– A altitude aqui não passa de 400 metros, é extremamente quente, a gente está sentindo hoje algo entre 36°C e 38°C. Esse tempo produz a escaldadura, falta umidade e provoca retenção foliar, os grãos ficam menos – explica o consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann.
Foi exatamente esse efeito que ocorreu na lavoura do produtor João Francisco Sanches Filho. Dos 600 hectares, plantados no dia 22 de outubro, cerca de 100 estão totalmente comprometidos. A produção dele não pagará a conta.
– Ela não tem nenhuma lesão por fungo ou doença, mas ela foi precocemente cozida, devido às altas temperaturas e falta umidade no solo. A produtividade vai ser pequena, a gente vê que o grão não se desenvolveu fisiologicamente. Acredito que vou colher menos de 30 sacas por hectare, com certeza menos – lamenta.
Mas alguns produtores tiveram um prejuízo ainda maior, eles colheram 15 sacas por hectare. A produtividade média de Guaíra é de 55 sacas, mas nesta safra será de 30 sacas por hectare. É que a maioria dos produtores antecipou bastante o plantio da soja para garantir o milho de segunda safra.
– Muitos esquecem que a soja é a principal cultura. Só pensam em plantar o milho, com isso antecipam o plantio e não atinge a produtividade exata, o potencial das variedades. Isso acaba estragando toda uma pesquisa e derruba a média do município – reclama o presidente do Sindicato Rural da cidade, Silvanir Rosset.
O produtor Irani Parcianelo arrenda 100 hectares e faz o pagamento pelo uso da área em soja. O lucro com o milho é apenas dele. Só que a estiagem deste ano antecipou em 20 dias a colheita. A produção deveria ser de 60 sacas, mas caiu pela metade.
– Agora estou com a palhada aberta esperando chover para plantar a safrinha. Agora vamos esperar a chuvas para plantar o milho, não dá para perder de novo, não – avalia.
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