Plantio atrasado e custos preocupam produtores de Goiás

Mesmo com um cenário incerto, a perspectiva é de produzir 1,5 milhão de toneladas a mais que na safra passada

Fernanda Farias | Cristalina (GO)

O plantio de soja em Goiás já está autorizado desde o dia 1º de outubro, mas a semeadura está atrasada, e isso pode comprometer a expectativa dos produtores de produzir 1,5 milhão a mais de toneladas neste ciclo. O custo de produção e o momento certo para vender são as preocupações do início de safra.

Os sojicultores goianos vão produzir em 3,4 milhões de hectares neste ciclo, crescimento de apenas 2%, mas há otimismo com o aumento da produtividade, isso porque o estado sofreu quebra de safra no último ciclo.

– A expectativa é colher 10 milhões de toneladas de soja. A gente tem área para isso, e a média em Goiás é de 50 a 51 sacos por hectare. A gente tem condições de chegar a mais de 10 milhões de toneladas – afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja-GO), Bartolomeu Braz Pereira.

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Mas o atraso no plantio pode comprometer este numero. Apenas no sul do estado alguns produtores já iniciaram o cultivo. Nem os produtores irrigantes começaram o plantio por causa do custo da energia elétrica. Na propriedade do agricultor Vilson Thomas, por exemplo, dos sete pivôs de irrigação, apenas um vai entrar em operação.

Dos 380 hectares irrigados, só 76 serão cultivados agora. Vilson fez as contas e decidiu esperar pela chuva para semear o restante. Mesmo que ele perca a janela de plantio e reduza a área da segunda safra. Além da energia, outros insumos encarecem o custo de produção do agricultor.

– Nos anos anteriores, a gente trabalhava com esse insumo em um custo de R$ 300 por hectare e hoje está na casa de R$ 800 por hectare. Vamos dar uma adiantada no plantio, mas que a gente não tem vontade de plantar, não tem. Com o insumo neste preço está fora da realidade – lamenta Vilson Thomas.

A compra antecipada de adubos e sementes que, no caso do produtor rural, aconteceu em março deve ajudar a minimizar a crise. Com a instabilidade da economia, a Aprosoja-GO, fala ainda em comercializar antecipadamente o que for possível.

– O produtor precisa tomar muito cuidado. Não baixar a tecnologia, mas tomar muito cuidado por ele nem sabe quanto está custando sua saca de soja. A gente planta com dólar a mais de R$ 4,00 e se for vender com ele a R$ 3,00 será um prejuízo muito grande para o produtor rural – explicar Bartolomeu Braz Pereira.

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