Em Sapezal, oeste de Mato Grosso, a equipe do Projeto Soja Brasil encontrou um produtor que está mudando a forma de aplicação dos produtos biológicos no plantio da soja, visando a redução de custos e aumento da rentabilidade. Mas nem todos estão com boas perspectivas para a nova safra e tem gente reduzindo área por conta da elevação de gastos.
Pela primeira vez, a plantadeira da fazenda Evandro Graeff é ajustada para aplicar nematicida e inoculante, junto com as sementes de soja. Antes, os biológicos eram colocados durante o tratamento da semente. Com a mudança, a expectativa é aumentar entre uma e duas sacas de soja por hectare, além da redução de custos.
“Optamos por colocar o inoculante e o nematicida biológico no sulco diretamente. Assim poderíamos aumentar a dose também, porque via semente não dá para aumentar a dose do inoculante, principalmente”, diz Graeff.
As duas maneiras são eficientes, mas a aplicação no sulco traz vantagens, afirma a Embrapa.
“No tratamento de sementes existem alguns fatores limitantes, como a umidade da semente, por exemplo. No sulco de plantio é possível aplicar ao longo da rizosfera da raiz. Então aquele produto estará ali, pronto para a planta usar”, conta o analista da entidade Bruno Souza Lemos.
Erros afetam produtividade
Se alguns produtores fazem apostas certeiras para garantir margens de lucros melhores, outros ainda erram, principalmente na escolha entre variedades de ciclo determinado e indeterminado.
“Essas variedades de ciclo determinado, colocadas no fim de outubro, favorecem o crescimento elevado das plantas. Então o produtor acaba perdendo porque a variedade cresce muito, gasta muita energia, muita energia fotossintética para folhas, ramos e talos e não para as vagens e para os frutos. O ideal é reposicionar, colocar essas variedades no início do plantio, onde já sei que será mais ensolarado. Isso, por si só, vai segurar um pouco o crescimento desse material”, diz o engenheiro agrônomo Edson José Castro Neto.
Falta chuvas
O plantio de soja não é um privilégio para todos da região, já que a chuva não chegou em todas as propriedades. Tem produtor que na safra passada plantou em 30 de setembro e neste ano só planeja fazer isso depois de 10 de outubro.
“As previsões estão dizendo que as chuvas irão começar a normalizar a partir do dia 20 de outubro. Como minha área é pequena, em quatro ou cinco dias eu consigo semear tudo. Então, para que arriscar?”, diz o produtor José Guarino Fernandes.
O produtor também decidiu diminuir a área plantada de 350 para 150 hectares nesta safra. O motivo é o custo dos arrendamentos, em torno de dez sacas de soja por hectare. Além disso, a tributação estadual também traz preocupação.
Olho um caminhão de algodão passando na rodovia e vejo R$ 5 mil de Fethab. Um caminhão de soja, vale R$ 800 de Fethab, e o de milho vale R$ 350 de imposto. Pesa muito pra nós”, diz Cleto Webler, presidente do Sindicato Rural de Sapezal.