Soja

Plantio de soja: institutos de pesquisa são contra mudança no calendário

Entidades afirmam que não há estudos científicos sobre o tema e que risco de pragas e doenças aumentarem é grande


Entidades de pesquisa como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e o Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) se manifestaram contra a proposta do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, de plantar soja em fevereiro para salvar sementes, medida fora do calendário oficial estipulado pelo Instituto de Defesa Agropecuária (Indea).

Segundo Rafael Soares, pesquisador da Embrapa Soja, a semeadura mais tardia, ou seja, em fevereiro ao invés de dezembro, como estipulado oficialmente, é prejudicial.

“A semeadura que sai da recomendação do zoneamento agroclimático, que não é soja sobre soja, é prejudicial, pois vai gerar uma seleção maior de ferrugem asiática e pragas em relação aos produtos agroquímicos”, comenta.

Em nota oficial, o Cesb condenou a semeadura fora de época e alertou para o risco fitossanitário da sucessão da cultura na mesma área. Já o Indea afirmou que não há estudo científico que comprove benefício da mudança no calendário de plantio em Mato Grosso.

“O que a Aprosoja apresentou foram dados empíricos com fotografias, relatos e vídeos, o que não traduz um estudo. Um estudo tem que ser científico. A norma vigente desde 2015 é embasada em estudo científico que tem toda metodologia para ser aplicada e para que os resultados sejam confiáveis”, comentou a presidente do Indea, Daniella Soares Bueno.

‘A Embrapa nunca se negou a fazer pesquisas’

A defesa é feita pelo pesquisador da Embrapa Soja, Maurício Meyer, acerca das acusações de Galvan sobre a omissão da instituição diante de solicitações da Aprosoja-MT.

Ele reforça que a empresa precisa da autorização da Comissão de Fitossanidade do Indea para avançar em pesquisas sobre calendário de plantio. “Não podemos infringir nenhuma normativa estadual”, esclarece Meyer.

Qualidade das sementes em xeque

O coordenador do comitê técnico da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Jeferson Aroni, rebateu às críticas feitas por Galvan sobre a qualidade das sementes vendidas no estado.

“Este ano, o laboratório analisou 4,3 milhões de sementes. Na média, apresentaram 99,2% de germinação. O que é excelente”, diz Aroni.

Além disso, segundo ele, há um acordo entre sócios da entidade que as sementes entregues aos produtores precisam ter, no mínimo, 85% de germinação. “Cinco pontos percentuais acima do mínimo brasileiro”, pontua.

Em nota, a Fundação-MT afirmou que é contrária à proposta da Aprosoja e reforçou a necessidade de priorizar estratégias que diminuam os riscos e aumentem a segurança da cadeia da soja

Entenda a polêmica sobre o período de plantio de soja em Mato Grosso: