O volume de solo que poderia chegar ao Lago de Itaipu anualmente, mas fica retido na palhada que cobre a terra, daria para encher dois milhões de caminhões de 25 toneladas. A conta vem da estimativa técnica de que a água das chuvas carrega 144 toneladas de material por hectare em áreas desprotegidas do Paraná todo ano. A Costa Oeste cultiva cerca de 500 mil hectares de soja e milho, que poderiam perder 72 milhões de toneladas/ano. Em dois terços dessa área, no entanto, há plantio direto, o que faz com que esse risco seja 54 milhões de toneladas/ano menor.
A contribuição do PDP se acentuou nos últimos dez anos. Em 1997, uma equipe do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) fez um diagnóstico na região do Lago de Itaipu para verificar o estágio do plantio direto. A pesquisa revelou, entre outras questões, que a rotação de cultura, critério básico do PDP, não era feita corretamente, e que 85% dos agricultores ainda remexiam o solo, enterrando a palha, a cada três ou quatro anos. Desde então, uma série de campanhas tenta corrigir esses problemas.
O técnico do Iapar Ademir Calegari, especialista em solos, calcula que o sistema reduz em 95% o assoreamento no Lago.
? O plantio direto é a alternativa de manejo que mais contribuiu para a preservação do ambiente ? afirma.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, reconhece que o plantio direto assegurou água de qualidade para o Lago de Itaipu. Ele observa que, a cada 33 dias, toda a água de Itaipu é renovada, ou seja, 29 bilhões de metros cúbicos de água chegam ao reservatório.
? A água é de excelente qualidade e não temos problemas de assoreamento.
Mesmo com a contribuição do PDP, a vida útil da usina é uma incógnita. Estudos geológicos indicam que Itaipu, em funcionamento desde 1982, tem 200 anos pela frente. Antes da expansão do plantio direto, havia previsões que apontavam para menos 50 anos de vida útil. A redução da erosão e do assoreamento teria adiado por pelo menos 30 anos a necessidade de intervenções como dragagem. Problemas da próxima década só devem aparecer após 2040.
O agrônomo especialista neste assunto, Ruy Casão, do Iapar, afirma que a evolução das máquinas amplia os benefícios do PDP.
? Hoje em dia, 99% das máquinas de plantio fabricadas no Brasil são para o plantio direto. Arados e grades são usados praticamente só em terraplanagem.
Em sua avaliação, tanto no campo como na indústria, ainda há muito a avançar.
? Os produtores vão usando novas espécies de plantas, a concentração de palha aumenta e há mais conhecimento sobre os diferentes tipos de solo. Isso requer máquinas e equipamentos mais eficientes ? finaliza ele.