A ausência de rotação de culturas é uma das causas da compactação do solo, assim como o uso de máquinas agrícolas
Daniel Popov, de São Paulo
O plantio direto praticamente sustenta a produção brasileira de grãos, pois amplia a fertilidade do solo e eleva a produtividade das plantas. A ausência da rotação de culturas adequada, aliada ao uso maior de maquinas com maior rendimento operacional, entre outros fatores, tem contribuído para a compactação do solo. Isto restringiu o desenvolvimento radicular das culturas nas camadas superficiais do solo e reduziu os ganhos produtivos.
A compactação é caracterizada quando temos o aumento de densidade e a diminuição da porosidade do solo. Ou seja, dificulta a penetrarão de raízes, reduz as trocas gasosas com o solo e limita a infiltração de água. Com isso, as culturas não conseguirão explorar todo o potencial do solo, irão crescer menos, e consequentemente produzirão menos.
Uma vez diagnosticado o problema, é preciso tomar algumas medidas para recuperar a profundidade e porosidade deste solo:
Escarificação ou subsolagem mecânica – é um método de preparo da terra baseado no rompimento das camadas mais adensadas do solo, através de hastes mecânicas de um equipamento chamado escarificador.
A diferença da aração e gradagem, é que estes métodos não só rompem o solo, mas também revolvem a terra e transferem estas partes compactadas para as camadas mais profundas. A utilização dessas máquinas, tem contribuído para o surgimento das camadas compactadas subsuperficiais, conhecidas também como soleira, pé de arado ou pé de grade.
A escarificação biológica – se baseia no cultivo de espécies com sistema radicular profundo, como nabo forrageiro e o milheto, para descompactar o solo. Ao contrário da escarificação do solo realizada de forma mecânica, a escarificação biológica não envolve qualquer procedimento de distúrbio do solo. Além disso, o crescimento radicular das plantas em profundidade pode proporcionar uma maior atividade microbiológica, derivada dos rizo depósitos das raízes.
Rotação de culturas – um dos pilares do sistema plantio direto é a diversificação de culturas, e existem basicamente quatro modalidades que o produtor pode usar para diversificar o seu sistema de produção. A rotação de cultura é considerada a mais benéfica para o produtor evitar a compactação do solo. O principio básico é alternar espécies diferentes na mesma estação do ano. Um exemplo de sistema de rotação seria a alternância entre soja e milho no verão e de trigo e aveia ou milho segunda safra, no período de outono e inverno, conta o pesquisador da Embrapa Henrique Debiasi.
É importante esclarecer que as conclusões de um diagnóstico para a subsolagem agrícola de certa área nunca devem ser extrapoladas para áreas de características diferentes, mesmo que sejam de uma mesma propriedade agrícola.
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Segundo o pesquisador da Embrapa, especialista em solo, José Dernadin o uso inadequado do sistema plantio direto, com a rotação da soja e do milho apenas, o solo acaba dividido em duas parte a superficial com nutrientes e materiais orgânicos e o subsuperficial compactado, que não retém e nem disponibiliza água para a planta. “Sem esta diversificação de culturas, a cada cinco anos, recomendamos que o produtor faça esta descompactação”, conta ele. “Um solo compactado tem cinco centímetros de profundidade, mas deveria ter pelo menos 20 cm, que é onde ficam os nutrientes.”
Este foi também o tema do mini curso mestrado pelo professor Renato Lara de Assis, durante a Feira de Potencialidades do Oeste Goiano (Agrotecnoeste), que acontece na Fazenda Escola do Instituto Federal do Estado, organizador do evento. “Temos que na área o sistema de rotação de culturas. Principalmente se o diagnóstico for um valor muito alto de resistência à penetração”, reitera ele.
Assista também a entrevista do professor Renato Lara de Assis