Em Casa Branca (SP), na cooperativa que recebe a produção de mais de 250 agricultores, as cargas com batata já estão no fim, o que indica que é hora de trocar de cultivo. Só que o clima não tem ajudado a produção.
– Vai haver uma concentração do plantio, principalmente agora, em outubro. Se as chuvas realmente se firmarem como é esperado, o plantio vai se concentrar com pivôs e também com áreas de sequeiro, e isso, para nossa logística, é bem complicado. A colheita se concentra num curto período e acaba havendo uma dificuldade grande de atender todo esse volume no recebimento e beneficiamento – afirma o coordenador de Operações da Cooperbatata, Antonio João Moretti.
O plantio era pra ter começado em agosto, mas a chuva não veio. Passados dois meses, está cada vez mais difícil esperar. Para a cooperativa, o atraso vai prejudicar a logística na hora de receber o milho, mas na lavoura a preocupação do produtor é em relação ao preço. Muita oferta de uma só vez pode significar menos lucro.
– Se der uma chuva agora e o produtor ficar animado e plantar a semente e, ao longo do ciclo faltar chuva, a produtividade vai cair e ele não vai ter a produção ideal – alerta o engenheiro agrônomo Luis Otávio Villela.
Como a maioria dos produtores, Daniel Matosinhos não esperava estiagem tão longa. Da última vez que plantou, colheu bem. Agora, ele pensava em intercalar o milho com outro cultivo, mas vai depender também da natureza.
– Eu tenho que fazer esta primeira safra correta, na data certa, não posso estourar essa data. E depois com um possível feijão, ou soja, também não conseguir fazer no período certo. Eu não posso estar atrasando, porque senão eu não pego um período de quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura – diz o produtor.
Mesmo diante de tantas incertezas, os produtores da região não pensam em diminuir a área de plantio e, se o clima não ajudar, o jeito vai ser recorrer às tecnologias.
– Por enquanto, vou continuar plantando a mesma área, não vou diminuir. Mas caso nos próximos anos ainda se tenha essa falta de chuva, a gente está pensando em, talvez, diminuir ou mudar o sistema de plantio aqui. Aí, por ventura, vai ser instalado um pivô central, alguma coisa desse gênero para tentar suprir a parte climática – projeta Matosinhos.