– Tem tudo para ser um ano bom, porque estamos com sobra de água, que é um dos principais gargalos da lavoura orizícola do RS. Vamos plantar um milhão e cem mil hectares e chegar a uma colheita próxima a oito milhões e meio. Uma colheita cheia nos preocupa bastante, porque sempre o passado nos ensinou que grandes colheitas, grandes problemas – disse Francisco Schardong, presidente Comissão do Arroz da Farsul.
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– A exportação vem escoando a produção gaúcha. Nós temos um problema de competitividade com os nossos irmãos do Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai – que tem aumentado sua produção visando o mercado brasileiro. Eles tem custos infinitamente mais baixos que os brasileiros e o nosso mercado é tão sensível que qualquer 50 mil toneladas , 100 mil toneladas a mais, que aparantemente não representaria tanto, acaba incomodando – explicou Henrique Dornelles, presidente da Federarroz
A carga tributária, outra preocupação, também foi discutida. Representando o governo do Estado, o presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Claudio Pereira, assegurou uma política fiscal para a cadeia.
– Aumentamos o crédito presumido para a indústria gaúcha fortalecendo nossa indústria e aumentando a competitividade frente à guerra fiscal com outros Estados, o que vai melhorar o escoamento da produção gaúcha e que também impõe limites ao arroz importado. As indústrias vão poder se beneficiar desses incentivos fiscais se elas importarem no máximo 10% de arroz de fora do Brasil. Se estabelece uma cota de importação a partir da questão fiscal – disse
Os arrozeiros gaúchos acreditam ainda que a soja continuará ganhando espaço em regiões onde tradicionalmente se cultivava arroz. No ano passado, a lavoura orizícola perdeu 280 mil hectares para a soja.
– Eu tenho certeza que pelos preços da soja nós vamos ter uma migração, não só os 280 mil hectares, mas até passando disso – falou Schardong.
De olho nesse novo mercado, uma empresa norte-americana com tradição no sistema de irrigação por mangueiras para culturas plantadas em camalhões aproveitou a abertura do plantio para lançar uma tecnologia que pode ser usada tanto pelo arroz, quanto pela soja.
– A principal vantagem que o pessoal tem visto lá nos Estados Unidos e aqui no Brasil é redução do custo de mão de obra, principalmente a redução do custo de irrigação em lavoura, e uma economia do uso de água em torno de 25% a 30%. É uma tecnologia sustentável – explica Luciana Leitzke, engenheira agrônoma.