? A gente esperava que houvesse esse problema. No início da safra houve atraso da soja, sabíamos que ia atrasar o plantio do milho, deixando fora da janela ideal. Isso resultou em diversos problemas, o produtor precisou colher antes a soja, dessecou antes do tempo. Com certeza, o plantio encerra esta semana, já estávamos com 98,9% plantados na semana passada e deve concluir esta semana, sim ? garantiu Otávio Celidonio, superintendente do Imea.
A estimativa do Instituto é de que as lavouras de milho ocupem ao todo 1,8 milhão de hectares no Estado. Uma redução de pouco mais de 7% em relação à safra passada.
Agora, a expectativa é de que o tempo, que atrapalhou a evolução do cultivo, passe a contribuir para o desempenho das plantações. Além disso, espera-se que e a produtividade alcance uma média de pelo menos 70 sacas por hectare, volume considerável diante dos riscos do plantio realizado fora da janela recomendada.
? Pela nossa experiência, temos visto que os produtores que plantaram depois de março, o máximo que chegaram a colher foi 80 sacas, e isso quando o ano vai bem. Há uma possibilidade de haver boa produtividade, mas a questão é climática. Tem gente que com problemas, que fica entre 40 e 50 sacas, o que é uma produtividade muito ruim. Vemos que é arriscado, mas como os produtores já tinham os insumos, eles continuaram seus planos e plantaram o milho ? explicou Celidonio.
Situação em MS
Se em Mato Grosso os produtores estão apreensivos com o desenvolvimento das lavouras, em Mato Grosso do Sul, um dos Estados mais atingidos pelas chuvas no Brasil, a preocupação é grande. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetava o plantio de 930 mil hectares de milho. Porém, a área plantada deve apresentar uma redução de até 15%.
O produtor rural Paulo Iuniseki pretendia plantar 255 hectares em São Gabriel do Oeste (MS). Vai reduzir em 8% o tamanho da lavoura. Segundo ele, o motivo é o excesso de chuvas, que atrasou a colheita da soja e prejudicou os trabalhos da safrinha. Em pleno fim de março, ainda falta semear um terço do terreno.
? O plantio já iniciou com atraso de pelo menos 10 dias, e isso vai comprometer a produtividade da lavoura. Vou sofrer prejuízos também na safrinha ? lamentou o produtor.
Para o presidente do sindicato rural do município, a situação é grave. Metade dos 80 mil hectares normalmente destinados à produção do cereal não deve ser cultivada. Já as lavouras que foram plantadas devem ficar mais expostas às oscilações climáticas.
? Com o atraso, as lavouras de milho estarão sujeitas à provável estiagem prolongada no Estado e à possibilidade de geadas na região. Isso comprometerá significativamente a produção. O município depende do milho, e este ano vai precisar importar o produto ? explicou Júlio Bortiolini, presidente do sindicato.