Além de embelezar a viagem, árvores e arbustos estão sendo plantados em pontos estratégicos da rodovia ? junto a paradas de ônibus, retornos, canteiros centrais e obras de drenagem ? para reforçar a sinalização viária tradicional e dar mais segurança aos motoristas.
Desde que a obra de duplicação chegou à fase final, uma equipe multidisciplinar trabalha para transformar em realidade o programa de paisagismo considerado precursor de uma tendência nas estradas brasileiras. A ideia é simples e ambiciosa, pretende lançar mão de exemplares típicos dos biomas regionais não apenas para amenizar os danos ambientais da construção da via, mas também para prevenir acidentes e preservar vidas.
O projeto ? com valor estimado em R$ 2,3 milhões ? começou a ser desenvolvido em 2002, como parte do Plano Básico Ambiental da rodovia. Atualmente, é monitorado por técnicos da Empresa de Supervisão e Gerenciamento Ambiental (Esga), contratada pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (Dnit) para fazer a supervisão e o gerenciamento ambiental da obra. Para cada ponto de risco, foram selecionadas espécies chamativas e fáceis de diferenciar.
? Queremos que a BR-101 fique mais bonita e, ao mesmo tempo, que os usuários ganhem em segurança ? diz o coordenador setorial da Esga, o sociólogo e técnico agrícola Sérgio Luiz dos Reis.
A intenção, depois que a vegetação crescer, é que os motoristas associem as plantas a determinadas situações e redobrem os cuidados. Esse processo, segundo o engenheiro florestal e responsável pelo projeto, Rudney do Rio da Silva, ocorrerá de forma instintiva.
Por exemplo, junto às paradas de ônibus, foram plantadas de três a quatro mudas de ipê amarelo. Em três anos, na previsão de Silva, elas se destacarão na paisagem. Mesmo sem as flores, chamarão a atenção pela forma diferenciada. Pouco a pouco, sempre que o condutor passar por lá, lembrará que, junto aos ipês, haverá circulação de passageiros. E tomará mais cuidado.
Por enquanto, porém, a equipe vem enfrentando alguns obstáculos para fazer a proposta deslanchar. Muitas mudas vêm sendo alvo de depredação. Outras, acabam furtadas.
? Esperamos que as pessoas colaborem. Faço o monitoramento e sempre encontro plantas faltando ou quebradas ? diz Silva.
Apesar das dificuldades, o exemplo da BR-101 já está dando frutos. Conforme o superintendente do Dnit no Estado, Vladimir Casa, tornou-se um procedimento padrão do órgão a contratação de empresas especializadas na gestão ambiental de obras viárias. O exemplo mais recente é a Rodovia do Parque (BR-448), que seguirá o mesmo preceito.