O país vizinho foi um dos primeiros a liberar o uso de sementes geneticamente modificadas. A soja, que começou a ser plantada em 1996, teve a cobrança de royalties questionada pelo governo menos de 10 anos depois, segundo o analista de mercado Antônio Sartori.
– A legislação argentina não deu respaldo às empresas de biotecnologia e elas não receberam na sequência de outros anos os royalties das sementes que foram usadas pelo produtor. Como consequência, não tendo receita, as companhias pararam de investir na Argentina, que não tem as variedades de ponta que hoje tem o Brasil nem a tecnologia de ponta. Por isso, a Argentina está perdendo em competitividade em relação ao país – diz.
Para ele, as novas tecnologias serão fundamentais diante da necessidade de aumento da produção mundial de grãos sem ampliação da área de plantio.
– Se as empresas de biotecnologia, independente de qual for, não tiverem receita, não vão fazer investimentos e vão sair do Brasil como saíram da Argentina. Estes movimentos de associações de produtores que estão querendo não pagar royalties são um tiro no pé. Quem vai ser prejudicado é o próprio produtor – ressalta.
O agricultor Cristiano Pierdoná afirma plantar 300 hectares de soja em Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul. Nesta safra, segundo ele, houve uma quebra na produção em função da seca que atingiu o Estado. A produtividade, entretanto, esteve sempre em alta nos últimos anos. O produtor acredita que, para o sucesso das lavouras, é preciso levar em conta outros fatores, além das sementes geneticamente modificadas.
– O plantio direto, adubação de fertilizantes que a gente usa no plantio, os produtos que a gente usa para controle de ferrugem e outras doenças mais também contribuem com o aumento de produção. Então tem que mensurar bem para ver quanto a Monsanto está trazendo de benefícios para a produção gaúcha hoje – aponta.
Juiz garante suspensão de cobrança
O juiz da 15ª Vara Civil do Rio Grande do Sul, Giovanni Conti assegurou, em entrevista ao programa Mercado & Cia, do Canal Rural, que está suspensa a cobrança de royalties da Monsanto pelo uso da tecnologia Roundup Ready (RR) na soja.
Confira a entrevista em que o magistrado explica o caso: