Polícia descobre assentamento usado como base para ladrões de gado no RS

A partir de relatório do Incra, PF fez operação em área ocupada por colonos sem terraDesencadeada com base em um relatório produzido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Operação Campo Limpo da Polícia Federal (PF) de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, fez buscas nessa quinta, dia 21, a uma quadrilha de ladrões de gado no assentamento Santa Alice, na localidade de Basílio, em Herval. Cinco armas foram apreendidas e quatro integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, presos em flagrante.

Houve o cumprimento de mandado de busca e apreensão em 11 lotes. A intervenção do Incra foi motivada pelos sucessivos casos de furto de animais em fazendas lindeiras ao assentamento. Os técnicos constataram, em agosto de 2009, em visita a uma fazenda de Pedro Osório, separada do assentamento em Herval apenas pelos trilhos da América Latina Logística, restos de animais abatidos e rastros de pessoas e carroças no solo entre a propriedade privada e o assentamento.

O levantamento apontou nomes de suspeitos e seus respectivos lotes. Conforme a análise do Incra, cada pedaço de terra servia para alguma etapa do processo de abigeato. O de maior concentração de mata fechada, por exemplo, servia de abrigo aos animais, já os com cercas mais frágeis ? ou já destruídas ? para passagem dos bovinos.

Um morador da frente do assentamento foi apontado como o receptador da carne, que era usada para fazer linguiça, comercializada em um bolicho de sua propriedade. Ele foi um dos presos em flagrante pela PF nessa quinta.

O relatório do Incra foi encaminhado ao Ministério Público, que solicitou à Justiça ordem de busca e apreensão. Foi feito ainda o pedido de intervenção da PF, tendo em vista que a Polícia Civil tem apenas um policial na cidade.

? Seria impossível fazer a operação sem a PF. Precisávamos de cerca de 70 policiais para cumprir os mandados. Ainda assim, foram presos somente quatro dos 12 suspeitos apontados no relatório do Incra ? diz a promotora de Justiça, Cláudia Pegoraro.

O delegado Gabriel Leite explica que os quatro homens foram soltos.

? Como lhes resguarda a lei, pagaram uma fiança de R$ 300 cada um e foram liberados ? explica o delegado, ressaltando que foram apreendidas três espingardas e dois revólveres junto aos suspeitos.

Além disso, quando a PF se deslocava até o assentamento, encontrou um Focus roubado e quatro animais abatidos. O motorista havia fugido.

Dois dos presos disseram que tinham as armas para segurança pessoal e não explicaram a procedência das mesmas. Os outros dois disseram que só se manifestariam em juízo.

Foram apreendidas ainda três motosserras com os suspeitos, que não tinham autorização do Ibama para tê-las. O MP e PF acreditam que alcançaram o objetivo da operação, que era reprimir o abigeato na região. A promotora e o delegado reconheceram que é muito difícil prender em flagrante alguém por abigeato, mas acreditam que, ao detê-los por outros motivos, eles se retraiam.

Todos responderão em liberdade.