População do Sudão decide no domingo se país será dividido

Se divisão ocorrer, parcerias do maior país africano com o Brasil na área do agronegócio devem se fortalecerUm plebiscito no próximo domingo, dia 9, vai decidir se a nação será dividida em uma parte Sul, onde predomina a exploração do petróleo, e o Norte, onde o destaque vai ser a agricultura.

O Sudão é o maior país africano, localizado no norte da fronteira com o Egito. A região já enfrentou duas guerra civis que juntas duraram 40 anos. Agora, o Sudão pode ser dividido entre Norte e Sul. De acordo com o empresário brasileiro Paulo Hegg, se a divisão ocorrer, as parcerias do Sudão com o Brasil na área do agronegócio devem se fortalecer.

? Eu acredito que, se houver mesmo a separação, vai ser melhor pro Sudão do Norte porque vai poder se focar e explorar esta riqueza que está adormecida. E o Brasil tem esta participação e pode jogar uma carta importante nisso. Somos queridos e agora somos respeitados não somente pelo futebol mas pela agricultura ? diz o empresário.

A tecnologia brasileira está ajudando a desenvolver o agronegócio do Sudão. Hegg é um dos responsáveis por levar brasileiros para o outro lado do Atlântico. Ele começou a intermediar as negociações entre Brasil e Sudão quando recebeu a visita em março de 2003, em São Paulo, do então governador de Kartun, Abdelhalim Almutafi. A visita tinha o objetivo de estreitar laços comerciais.

? O pais é muito rico em recursos hídricos, mas tem uma parte do pais que é deserto. Há o rio Nilo, que cruza este deserto e para isso é preciso tecnologia de irrigação. Selecionei no Brasil e convidei uma das empresas mais especializadas em irrigação no Brasil que é a Irriger, e a partir daí começaram a fazer processos de irrigação e hoje já tem escritório em Kartum ? explica Hegg.

A produção de açúcar e etanol também está dentro dos projetos de expansão em terras sudanesas. O Brasil está aproveitando a oportunidade para exportar tecnologia. Duas usinas já foram projetadas por engenheiros brasileiros. Uma delas, Kenana, chega a produzir, por ano, 65 milhões de litros de etanol e 425 mil toneladas de açúcar.

? É o Brasil transferindo para um país africano a tecnologia que nós desenvolvemos nos últimos 30 ou 40 anos ? explica Hegg.

O ministro da indústria do Sudão Awad Algaz diz que o país tem acordos com China e Índia. Ele acredita que o Brasil segue pelo mesmo caminho. E completa: a última delegação de governantes brasileiros que veio ao Sudão sentiu que é o momento certo para apressar e procurar formas de tornar realidade essa parceria entre os dois países.

O ministro da Agricultura do país, Abdelhalim Almutafi, é um grande incentivador desta parceria. Ele disse que a África é uma das maiores áreas do planeta e precisa de ajuda, precisa de transferência de tecnologia, de uma parceria com os brasileiros.