Há um ano, Tiago Sanfelice, sócio-proprietário de uma fábrica em Arara, interior de São Paulo, chegou a pagar R$ 300 a mais do que paga hoje na tonelada de mandioca. Ele compra 80% da matéria-prima e ficou refém das mudanças de preço.
– No final do ano passado a gente estava pagando R$ 500 a tonelada. Em setembro a gente está pagando R$ 200 a tonelada. Está trabalhando num ritmo devagar ainda – comenta.
Agora, mesmo com melhores preços, o empresário deve fazer mudanças na fábrica para modernizar e baratear a produção. A prensa usada para tirar a água da massa e os fornos que secam a farinha vão ser totalmente mecanizados. Hoje, por exemplo, é o funcionário quem decide quando retirar o produto da esteira, antes que ele queime.
Além de modernizar a empresa, um galpão está sendo erguido para oferecer a massa de tapioca, que tem sido bastante procurada pelos atacadistas.
A fábrica de Araras segue a tendência da produção nacional, que neste ano deve colher 23,43 milhões de toneladas, quase 10,5% a mais do que em 2013, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
– O Nordeste é o principal produtor e consumidor de derivados de mandioca, principalmente mandioca in natura. No ano passado a região foi assolada por uma forte seca, a maior dos últimos 80 anos. Este ano houve uma forte recuperação da produção nordestina, na ordem de 25%. Isso afetou de certo modo todo o mercado brasileiro. Parte da indústria nordestina que se abastecia no Centro-sul agora se abastece com mandioca própria. E os atacadistas nordestinos agora têm estoque do ano passado. Isso tudo tem ocasionado pressões sobre o preço da mandioca, de modo geral – explica o pesquisador do Cepea, Fábio Isaias Felipe.
Com maior oferta, os preços despencaram quase 60% de dezembro até agora. Para o produtor, pouca coisa deve mudar.
– Nós temos três fatores desfavoráveis: produção maior de fécula de mandioca maior, estoques maiores e cenário macroeconômico desfavorável, pelo menos no curto prazo. De certo modo, tende a manter os preços pressionados até o final de ano e também para o ano que vem – avalia.
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