Os trabalhadores também anunciaram paralisação nos portos na sexta, dia 22, e na próxima semana. Entidades de trabalhadores alegaram que a Medida Provisória representa, na verdade, uma privatização da atividade portuária.
– Caso as discussões não avancem, portuários dos cinco continentes, ligados à ITF e à IDC, poderão ser acionados para recusar desembarcar as cargas originárias do Brasil – afirmou o presidente da Federação Nacional dos Avulsos (Fenccovib), Mário Teixeira.
Em protesto contra a MP, portuários e estivadores (trabalhadores que fazem o movimento de carga dentro dos barcos) anunciaram a paralisação das atividades na sexta, das 7h às 13h, e na terça, dia 26, das 13h às 19h. Nesta sexta também está prevista uma reunião com representantes da Casa Civil para discutir o assunto.
A MP que trata da modernização dos portos brasileiros tem sido muito criticada pelos sindicalistas. Na semana passada, em reunião com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, representantes de trabalhadores do setor portuário pediram ao governo federal mais discussão sobre as mudanças introduzidas pela Medida Provisória 595/2012.
– O governo precisa assumir que está privatizando. Vamos fazer nossa resistência para mostrar isso à população, mostrar que a MP poderá acabar precarizando o trabalho portuário – disse o presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Guterra.
De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Estivadores (FNE), Wilton Barreto, 38 portos brasileiros já estão mobilizados. Entre as críticas, está a de falta de transparência nas discussões que resultaram na Medida Provisória.
– Prova disso é que nem o Ministério do Trabalho nem o Ministério Público do Trabalho foram convidados a participar do processo – disse Barreto.
Os representantes sindicais das categorias garantem que a paralisação não afetará remédios, alimentos perecíveis e outras cargas cujo atraso no desembarque possa prejudicar a população.
– Nossa orientação é de respeito à sociedade. Não vamos deixar que a população sofra em decorrência do nosso movimento. O nosso objetivo é chamar a atenção da sociedade e do governo para tentar corrigir aquilo que nós achamos que está errado na medida provisória – explicou Guterra, presidente da FNP.
– Mas esse é apenas o início da nossa mobilização. Há a possibilidade de ela ficar mais intensa e por mais tempo – disse o presidente da Fenccovib, Mário Teixeira.
– Amanhã [na reunião com a Casa Civil], se houver sinalização do governo em negociar, poderemos discutir a possibilidade de rever a greve de terça e as prioridades do movimento – ponderou Barreto.
Em meio a uma safra recorde de grãos, a postura adotada pelos portuários preocupa as atividades ligadas ao agronegócio. Através dos portos passam 95% de todas as exportações do país.