A Argentina compra em média 5,2 mil máquinas agrícolas por ano do Brasil. A emissão de licenças para a entrada dos produtos foi suspensa em janeiro. A medida contribuiu para que o setor tivesse uma queda de 7% nas vendas no primeiro semestre, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. No Rio Grande do Sul, de onde saem mais de 60% das máquinas fabricadas no país, as perdas chegaram a 9 % em relação ao mesmo período do ano passado.
? O que eu acho engraçado é o seguinte: quando nós, industriais, reclamamos que a China está enchendo o Brasil de produtos, o governo disse, ah, vocês tem que ser mais competentes. No caso da Argentina, nós somos muito mais competentes que eles, mas não vale esta mesma máxima. A Argentina está ganhando a batalha. Têm indústrias brasileiras que estão inclinadas a se instalarem no país, porque elas não querem perder o seu mercado ? disse Cláudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers).
Para a economista Beky de Macadar, o investimento de uma multinacional que já está na Argentina e vai passar a fabricar tratores e colheitadeiras é a prova de que o Brasil vai mesmo perder espaço no setor.
? A indústria, a gente sabe que tem um componente de estimular a economia. E agora, eles estão querendo, digamos, recuperar o tempo perdido e industrializar novamente o país. Nessas circunstâncias, considerando que o agronegócio argentino é poderoso, muito competitivo, tem terras boas e é rentável, eles, no lugar de continuar importando metade dos tratores, estão querendo produzir internamente. E esta fábrica vai produzir, vai retomar a produção e levar para o patamar anterior ? falou Beky de Macadar.