A Anapa defende a manutenção do alho na Letec, com a cobrança de uma taxa de 35% sobre a importação do produto comprado fora do Mercosul. Corsino observa que mesmo com a alíquota de 35% e uma taxa antidumping de US$ 0,52 por quilo, as exportações de alho da China para o mercado brasileiro cresceram 400% nos últimos dez anos.
Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que nos primeiros oito meses deste ano o Brasil importou 15,78 milhões de caixas de 10 quilos do alho, volume 5% maior que o registrado entre janeiro e agosto do ano passado. As importações da China no período cresceram 26%, para 5,1 milhões de caixas, enquanto da Argentina recuaram 9%, para 4,7 milhões de caixas.
Segundo Corsino, as importações respondem por 65% do abastecimento do mercado brasileiro de alho. A produção nacional está espalhada por 5 mil propriedades, onde são cultivados 11 mil hectares, que devem render nesta safra 10 milhões de caixas de 10 quilos. O presidente da entidade diz que o grande entrave à expansão da produção nacional de alho é a “concorrência desleal” com o alho chinês, que, além do dumping na origem, também tem outros fatores prejudiciais, como o subfaturamento praticado pelos importadores quando o produto chega ao Brasil.
Os produtores de alho também estão atentos ao posicionamento que o Departamento de Defesa Comercial (Decom), do Ministério do Desenvolvimento, irá adotar em relação á renovação da tarifa antidumping contra o alho chinês. O parecer deve ser concluído até o dia 9 e deve entrar na pauta da Camex em dezembro. Um dos parâmetros para definir a taxa a ser aplicada sobre o alho chinês é o preço na Argentina, que resultaria numa taxa de US$ 14 a caixa.
A Anapa defende a correção da taxa antidumping para o alho chinês levando em conta o preço do produto argentino. Corsino acredita que com a manutenção do alho na Letec e o aumento da taxa antidumping será possível dobrar a produção brasileira nos próximos cinco anos, aumentando a participação do produto nacional de 35% para 70% do consumo. Ele argumenta que o alho brasileiro não contribui para pressionar a inflação e cita estudos realizados pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), argumentando que no preparo dos alimentos “um dente do produto roxo nacional equivale a cinco do branco chinês”, em referência às propriedades superiores do alho nacional.