Stephen Powles, diretor do WA Herbicide Resistance Initiative e da Escola de Biologia Vegetal na Universidade de Western Austrália, avaliou, em entrevista ao jornal Zero Hora, o problema nas lavouras brasileiras. Ele sugeriu que, se os produtores não agirem rapidamente, os prejuízos serão irreparáveis nas próximas safras. Powles, que é considerado autoridade mundial em resistência de plantas daninhas a herbicidas, palestrará nesta segunda, dia 26, em Passo Fundo (RS), no Workshop Syngenta sobre Manejo da Resistência ao Glifosato: Presente e Futuro.
Zero Hora ? Quais as áreas mais afetadas por plantas daninhas resistentes ao glifosato no Brasil?
Stephen Powles ?As áreas mais afetadas estão nos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde foram catalogadas quatro espécies: a coniza, conhecida como buva, o azevém, o capim amargoso e o leiteiro. Mas o problema pode ser bem maior, já que não existem estatísticas para os Estados de Mato Grosso, Goiás e Bahia.
ZH ? O problema já pode ser considerado grave no Brasil?
Powles ? O problema está se agravando, mas o Brasil pode reverter esse quadro se começar a agir o mais rápido possível. Se não agir agora, terá o mesmo fim que os Estados Unidos ? um milhão de hectares inutilizados, onde o glifosato não pode mais ser usado, nem mesmo em sistema de rotatividade com outras culturas e herbicidas.
ZH ? E o que o Brasil pode fazer para amenizar o problema?
Powles ? A melhor forma de evitar que a situação piore é a diversidade de culturas e herbicidas. A cada safra deve haver rotação de culturas e, consequentemente, a utilização de herbicidas diferentes. No Paraná e no Rio Grande do Sul, já há relatos de que o capim pé de galinha também teria resistência ao herbicida.O glifosato ainda é a melhor opção, mas seu uso deve ser planejado.