Órgão de pesquisa afirma que ocorrências da Amaranthus palmieri, mosca-da-haste da soja e da Helicoverpa punctigera são regionais e não oferecem risco para a cultura
A Embrapa Soja divulgou nesta quarta, dia 14, uma Nota Técnica, em que tranquiliza os produtores quanto à ocorrência de novas pragas para a soja. Segundo a empresa de pesquisa, as informações disponíveis até o momento indicam que são pragas de ocorrência regionalizada e associadas a condições pontuais, não representando um risco generalizado para a produção de soja no Brasil no curto prazo.
Porém, a Embrapa alerta que o tema é relevante e que merece atenção da cadeia produtiva da soja como um todo, incluindo agricultores, profissionais do agronegócio, indústria de agrotóxicos, pesquisadores e gestores públicos.
– Tais informações devem ser consideradas como um alerta para o monitoramento constante da lavoura, no entanto, tais anúncios não devem causar pânico entre os agricultores. Muito provavelmente as pragas e plantas daninhas que deverão causar maior preocupação durante a safra sejam, na maioria dos casos, as mesmas que os agricultores estão habituados ao longo dos anos, como percevejos, lagarta-falsa-medideira, lagarta-da-soja, ferrugem da soja, buva, capim amargoso, entre outras, as quais ocorrem de forma generalizada e oferecem reais riscos de perdas da lavoura – aponta o comunicado.
Veja a posição dos pesquisadores da Embrapa Soja sobre as novas pragas da soja:
Helicoverpa punctigera: Embora amplamente divulgada, a presença da lagarta Helicoverpa punctigera no Brasil ainda não foi confirmada. Uma equipe de especialistas de diversas instituições está estudando de forma detalhada esse caso, pois foi encontrado apenas um inseto com características semelhantes à Helicoverpa punctigera, na região noroeste do Ceará.
Devido à variabilidade genética e morfológica, mais amostras são necessárias para confirmar se trata-se de uma nova espécie ou um alarme-falso. Enquanto Helicoverpa armigera era considerada de médio risco (+++) como praga exótica, a Helicoverpa punctigera é considerada de baixa risco (++), indicando que, se confirmada sua presença no Brasil, deverá representar menor risco do que Helicoverpa armigera.
Mosca-da-haste da soja: A ocorrência dessa mosca já é conhecida no Rio Grande do Sul desde 1983. A novidade é que, a partir de levantamentos mais detalhados, chegou-se a identificação de uma das espécies desse grupo de praga. Desde seus primeiros registros, considera-se que seja uma praga esporádica e associada mais frequentemente à soja tardia. Recentemente, com o aumento da área cultivada com soja segunda safra (soja safrinha), a praga passou a chamar mais atenção. Em um levantamento realizado no estado do Paraná na safra 2014/2015, constatou a presença da praga em soja safrinha e em soja voluntária (soja “tiguera” ou “guaxa”).
Para a safra 2015/2016, tanto lavouras de soja plantadas cedo quanto lavouras tardias serão monitoradas para verificar a ocorrência dessa praga e a necessidade de estudos mais detalhados. Associado a essa praga foram detectadas também pelo menos duas espécies de microhimenópteros parasitando a mosca na fase de larva, dentro da haste de soja, contribuindo assim para o seu controle biológico.
Amaranthus palmeri: Plantas do gênero Amaranthus, conhecidas popularmente como caruru, são encontradas comumente nas áreas de produção de grãos em todo o mundo inclusive no Brasil, onde já foram detectados biótipos resistentes a herbicidas para, pelo menos, duas espécies. Recentemente, foi registrada a presença de Amaranthus palmeri na região Centro Norte do estado do Mato Grosso, causando grande preocupação ao meio rural por tratar-se de uma planta exótica extremamente agressiva com risco potencial de reduzir a produtividade de soja e algodão em até 80% e, do milho, em até 91%.
O A. palmeri pode ser facilmente confundido com outras plantas que vegetam no Brasil, especialmente o A. spinosus (caruru de espinho). Em Amostras de A. palmeri coletadas no Mato Grosso em um projeto de extensão realizado pelo IMAmt, UNIVAG e UFMT foram identificados biótipos resistentes aos herbicidas glifosato, pyrithiobac-sodium e clorimuron-ethyl. A partir dessa constatação, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) estabeleceu medidas fitossanitárias para contenção e erradicação dessa praga. Essas medidas se mostraram eficazes e a espécie se encontra sob controle.
No entanto, é recomendável que o produtor monitore sua lavoura para que essa e as demais pragas potenciais não se transformem em pragas importantes como as que já estão presentes a mais tempo no Brasil.
Com informações da Embrapa Soja.
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